22 Mai 2017
Já há algum tempo considero Marcos Nobre o melhor analista da política brasileira. Não creio que seja coincidência, aliás, o fato de que ele vem da filosofia e não das ciências sociais. Esta entrevista com o Nexo está muito boa. Destaco abaixo três trechos favoritos:
"Junho de 2013 deixou muito claro que o sistema político tal como estava funcionando desde o Plano Real, ou seja, nos últimos 20 e poucos anos, não correspondia mais à maneira como a maioria da população achava que a política deveria ser feita no Brasil. Nesse momento, em vez de entender esse recado e se autorreformar, o sistema político resolveu colocar a cabeça embaixo da terra e esperar a onda passar."
"Tem muita gente que gostaria de entrar para a política, mas que olhou a política peemedebista quando era jovem com 20 anos do jeito que ela foi praticada no pós-Real e falou “não, eu não tenho como modificar o país nesse lugar”, então muita gente foi para a promotoria, foi ser magistrado e tentar mudar daí."
"No Brasil só seria possível [a renovação do sistema político], por exemplo, se houvesse a possibilidade de candidaturas independentes e que essas candidaturas independentes conseguissem de alguma forma participar de um mesmo movimento, não um partido, mas um movimento. Não contra os partidos, mas que tenha um espaço de diálogo entre as pessoas que não se sentem representadas pelos partidos que existem e as pessoas que se sentem representadas pelos partidos que existem. A gente precisa disso. É um tema tão importante quanto o financiamento eleitoral."
Das análises que eu li até agora, essa é a mais pertinente. Nem se trata de concordar com tudo, mas de pensar sobre os temas que o Marcos Nobre aborda, porque são os nós do imenso problema que temos pela frente.
Muito resumidamente:
1. 2013 já denunciava a falência do sistema político e as pautas foram caladas por quem estava no poder. Deu no que deu.
2. Tirando a galera anarquista, por quem cada vez mais eu tenho admiração, o nó da questão mais imediata, já supondo que o interino cai, é entre eleições diretas ou indiretas.
3. O ideal seria Eleições Gerais mas não vai rolar, a menos que haja uma gigantesca pressão popular.
4. Mesmo p/ as diretas, a pressão precisa ser grande. O maior entrave (e aí a leitura é minha): a pauta das eleições diretas foi capturada pela ex-querda falida e pelega, como mote de campanha eleitoral. Do jeito que está, é pouco provável que haja uma maciça adesão. Se quiserem mesmo diretas, será preciso abrir mão da campanha lulopetista fundida com as manifestações, por uma questão estratégica. Caso contrário, periga não rolar uma coisa, nem outra.
5. Acho fundamental um Movimento que se proponha a discutir esse sistema político, antes que Gilmar Mendes, Renan Calheiros et caterva venham com o pacote pronto.
Padre Marcelo com Serra. Padre Fabio com Aécio. Onde foi que a Igreja errou no seminário propedêutico?
Agradeço ao povo do nordeste que ajudou a livrar o Brasil desse bandido!
tem toda razão
Um destaque a fazer: o PT passou treze anos no governo e talvez não tenha enfrentado uma blitzkrieg como essa que a Globo está conduzindo contra o Temer.
Leio trechos do último discurso de Lula. Ele diz que nenhum governo combateu mais a corrupção do que o seu. E que “hoje o PT pode ensinar ao país como se combate a corrupção”. Isso foi há poucos dias. As pessoas aplaudem no auditório.
Saudades do Gastão, o Vomitador, personagem do grande cartunista Jaguar.
Eu só consigo pensar que os grandes empresários brasileiros pagaram os políticos para destruirem o país. Pagaram para destruir o Xingu, o Madeira, o Teles Pires, o Doce, o São Francisco. Pagaram para roubar terras, invadir territórios, expulsar os povos dessa terra. Pagaram para derrubar florestas, para destruir comunidades, para chacinar etnias, para exterminar espécies. Malditos. Malditos sejam. Eles e seus prepostos.
Quando Temer diz que "o Brasil não sairá dos trilhos" eu só imagino o país amordaçado e amarrado enquanto o trem se aproxima
Se um morador de rua fizesse a milésima parte do que fazem presidente ,políticos , estaria preso e torturado.
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