01 Fevereiro 2017
Rompendo com uma antiga tradição, o Vaticano decidiu retirar o rosto do Papa Francisco das moedas de euro que emitirá a partir deste ano e a substituirá pelo escudo do pontificado.
A reportagem é publicada por Religión Digital, 31-01-2017. A tradução é do Cepat.
A modificação, que entrará em vigor a partir do próximo mês de março, foi comunicada pela Gazeta Oficial da União Europeia, onde são anunciadas todas as mudanças das “caras nacionais” na moeda do “velho continente”.
Para as moedas de euro, cada país membro da união tem direito a escolher que sujeito representar em uma das caras enquanto a outra, que aponta o valor, é igual para todos. A mudança estabelecida pelo Vaticano afeta as peças de um, dois, cinco, dez, vinte e cinquenta centavos, e de um e dois euros.
Trata-se da quarta mudança do Vaticano desde 2002, quando os euros começaram a circular. O primeiro Papa a aparecer nestas moedas foi João Paulo II.
Em 2005, ano da morte de Karol Wojtyla, a Santa Sé emitiu alguns exemplares com o símbolo da Sé Vacante e o escudo do cardeal camerlengo de então, Eduardo Martínez Somalo.
A cara de Bento XVI, eleito no dia 19 de abril de 2005, foi incluída nas moedas emitidas em 2006 e nos seguintes, até 2013. Nesse último ano, em razão da renúncia de Joseph Ratzinger, foi emitida uma peça de dois euros “comemorativa” com o escudo do camerlengo, o cardeal Tarcisio Bertone.
A partir de 2014, começaram a circular as moedas com o rosto do Papa Francisco. E não incluíram só uma imagem, mas três diferentes perfis do pontífice.
Contudo, Jorge Mario Bergoglio não é amante de ver o seu rosto em quadros e lembranças. Daí, que não surpreenda a decisão, sem precedentes, de retirar seu rosto e substitui-lo por seu escudo. Algo semelhante já havia ocorrido com as medalhas comemorativas de suas viagens apostólicas.
Esse costume do Vaticano remonta a lira. A Santa Sé, como sujeito de direito pontifício, sempre conseguiu a permissão para emitir sua própria moeda, detalhe que acrescenta sua soberania e o assemelha a um verdadeiro Estado.
Não obstante, sempre se tratou apenas de moedas metálicas e nunca cédulas. Com o tempo, as moedas do Vaticano se converteram em uma recordação ambicionada por colecionadores e curiosos.
Por isso, chegou um momento que praticamente toda a emissão era destinada às coleções. Graças a um recente acordo com a União Europeia, foi estabelecido que apenas uma porcentagem do emitido poderia ser destinado aos colecionadores, ao passo que o restante deveria ser de efetiva circulação.
Assim, atualmente em Roma e, sobretudo, nos negócios em torno ao Vaticano é possível receber como troco moedas com a cara do Papa, ainda que costumem ser raras. Com a nova decisão serão ainda mais raras.