10 Janeiro 2017
Os dormitórios do Vaticano abertos 24 horas por dia, para que possam ficar aquecidos também durante o dia, e, para aqueles que não querem se mover de onde estão, sacos de dormir térmicos resistentes até 20 graus abaixo de zero, junto com a possibilidade de usar os carros da Santa Sé como refúgio.
A reportagem é de Paolo Rodari, publicada no jornal La Repubblica, 09-01-2017. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Essas são as iniciativas anunciadas nesse domingo para os desabrigados de Roma por Dom Konrad Krajewski, chefe da Esmolaria Apostólica, a instituição vaticana que se dedica a oferecer a caridade do papa. Assim, por vontade de Francisco, o Vaticano se faz próximo dos sem-teto da capital italiana que, por causa do frio, vivem momentos de grande dificuldade.
Depois dos cinco mortos de sexta-feira passada, morreram na Itália outras três pessoas (portanto, oito no total): dois desabrigados encontrados sem vida respectivamente em Florença e em um porão de um edifício abandonado em Milão, e um idoso doente de Alzheimer em Brianza, que saiu de pantufas e que não conseguiu voltar para casa.
Francisco acompanha pessoalmente o trabalho de Krajewski pelos últimos e mais desfavorecidos. Além de ter instalado uma barbearia, chuveiros e banheiros perto da colunata de São Pedro, ele fez com que fosse aberto um dormitório na Via dei Penitenzieri, nas instalações disponibilizadas pelos jesuítas. Será essa estrutura, além das outras duas já em funcionamento antes da sua chegada ao sólio de Pedro – a das Irmãs de Madre Teresa e a que se encontra na Via Rattazzi – que permanecerá aberta durante todo o dia.
Não são poucos os sem-teto que preferem dormir nas ruas. É para ir ao encontro deles que o Vaticano pensou nos sacos de dormir e nos carros que, embora estacionados e com o motor desligado, servem de refúgio contra as intempéries. Há um sem-teto de 85 anos, por exemplo, que geralmente para na praça da Cidade Leonina e que, nestas noites, preferiu dormir no Fiat Qubo de propriedade justamente de Krajewski.
O trabalho da Esmolaria é financiado pelas ofertas coletadas pelos pergaminhos das bênçãos pontifícias. Também colaboram com a Esmolaria alguns soldados do Exército italiano, enquanto que, durante o ano inteiro, há uma equipe de Guardas Suíços que ajudam Krajewski nos seus passeios noturnos pela cidade, muitas vezes para levar cobertores e refeições quentes para aqueles que vivem na rua.
Nestes dias, em Roma, mobilizaram-se também a Cáritas e a Comunidade de Santo Egídio, cujo refeitório na Via Dandolo foi visitada nesse domingo pelo presidente do Conselho italiano, Gentiloni: “Agradeço a vocês e a todos os voluntários pelo trabalho que estão fazendo para ajudar as pessoas mais em dificuldade”, disse o primeiro-ministro italiano.
A ajuda do papa continua durante todo o ano, também com iniciativas diferentes. No verão, por exemplo, Krajewski acompanha os sem-teto ao mar, muitas vezes na região de Passoscuro: depois um longo banho e de um pouco de descanso até a hora do jantar, o momento do retorno à região em torno do Vaticano.
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Carro do Vaticano e sacos de dormir: a ajuda papal aos sem-teto - Instituto Humanitas Unisinos - IHU