08 Agosto 2016
“À vista de todos, este governo neoliberal lançou seus tarifaços, privilegiando o capital financeiro em detrimento da vida do povo, algo realmente muito grave, porque a população percebe isso em todos os níveis, especialmente nas periferias do interior, onde a desigualdade se aprofunda”, escreve Adolfo Pérez Esquivel, em artigo publicado por Alainet, 04-08-2016. A tradução é de André Langer.
E o Prêmio Nobel da Paz acrescenta: “Por tudo isso, entendo que a mobilização do próximo domingo, 07 de agosto, será como um caleidoscópio: dependendo de como se mover, a realidade social, cultural e política poderá transformar-se. Por tudo isso, não se pode faltar. Por tudo isso, eu não vou faltar”.
Eis o artigo.
Logo, dentro de poucas horas, muita gente fará aumentar as intermináveis filas na frente da igreja, para pedir ajuda a São Caetano, com a esperança de alcançar uma vida digna, quando a situação social e política melhorar. No entanto, a realidade nos indica que a pobreza está aumentando, quase tão rápido como as demissões, enquanto avança um processo inflacionário galopante, que torna impossível manter as necessidades básicas de milhões de pessoas.
À vista de todos, este governo neoliberal lançou seus tarifaços, privilegiando o capital financeiro em detrimento da vida do povo, algo realmente muito grave, porque a população percebe isso em todos os níveis, especialmente nas periferias do interior, onde a desigualdade se aprofunda. Pois bem, Macri foi eleito como corresponde, ou seja, dentro de um exercício democrático, mas guarda, porque a democracia não consiste somente em votar. Não devemos confundir: democracia significa igualdade perante os direitos. E, hoje, isso não existe.
Então, como não marchar neste domingo junto com os Trabalhadores da Economia Popular, se há meninos vivendo em situação de rua? Como faltar, se a pobreza se espalha e acompanhada de repressão? Como não gritar pela paz, frente a um panorama tão angustiante? Como não solicitar ao governo para que se coloque a serviço do povo e não das grandes empresas, se foi precisamente esta condução a responsável pelo levantamento das retenções às mineradoras e ao campo, às sombras do tarifaço? Que receberão uma herança difícil? Sim, é verdade, mas devem superá-la: eles assumiram essa responsabilidade.
Muitas vezes, a paz pode ser confundida com a passividade. E não há coisa mais contrária. A paz tem a ver com aprender a viver a diversidade, porque aí mora a riqueza dos povos, mesmo quando tratam de nos impor a uniformidade. Assim como acontece com a monocultura da soja, jogando por terra a biodiversidade com agrotóxicos como o glifosato, no monocultivo das mentes também jogam o tóxico das propagandas, desde os meios de comunicação de massa e das estruturas governamentais que necessitam de nós como passivos, aguardando inocentemente um “derrame” que não chegou, nem nunca chegará.
Por tudo isso, entendo que a mobilização do próximo domingo, 07 de agosto, será como um caleidoscópio: dependendo de como se mover, a realidade social, cultural e política poderá transformar-se. Por tudo isso, não se pode faltar. Por tudo isso, eu não vou faltar.
Só caminhando juntos, poderemos alcançar a paz.
Adolfo Pérez Esquivel
Nobel da Paz
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“Eu marcho com vocês, pela paz”. Artigo de Adolfo Pérez Esquivel - Instituto Humanitas Unisinos - IHU