06 Julho 2016
"Quando um homem sai de um quarto, ele deixa para trás tudo o que há lá dentro; uma mulher, ao contrário, carrega consigo tudo o que lá ocorreu" (Troppa felicità, Ed. Einaudi, 2011). Essa famosa citação de Alice Munro – a escritora canadense prêmio Nobel, da qual o diretor Pedro Almodóvar teve a inspiração para o seu último filme – é o maravilhoso e doloroso refrão sobre o qual se fundamenta toda a cenografia de Julieta.
A reportagem é de Arianna Prevedello, publicada no sítio Settimana News, 05-06-2016. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
A mulher é vista, de forma realista, como o condensado de um espaço infinito da alma entre amor e dor, que repercute também na logística arquitetônica dos afetos. Mesmo que uma mulher se mude, nada está perdido no seu coração: cada ferida pode ser aberta, cada afeto é reparável, cada laço é rastreável.
O filme espanhol do diretor de Fale com ela e de Tudo sobre minha mãe é de particular interesse para as atividades futuras das salas comunitárias e, em geral, merece muito mais do que está colhendo nesta magra temporada de verão europeia.
São muitas as direções temáticas que podem ser ressaltadas: as diferentes épocas existenciais da mulher, o diálogo no feminino entre as gerações, a diversidade homem-mulher ao enfrentar a dor da doença e do luto, o sentido e a utilização da verdade, o laço genitorial na adolescência, o sentimento de culpa na experiência espiritual.
Em todo o caso, Julieta, entre amor, generatividade, depressão e autobiografia, nos lembra que uma mulher, embora caindo e se levantando de novo, nunca deixa de dar a vida, de dar à luz.
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A "Julieta" de Almodóvar - Instituto Humanitas Unisinos - IHU