13 Junho 2016
Em três dias, um massacre. A última foi Alessandra Maffezzoli, professora, 46 anos, morta nessa quinta-feira, em Pastrengo, Verona, pelo ex-coabitante. Ela deixa dois filhos adolescentes. Um dia antes, Michela Baldo, 29 anos, de Spilimbergo, Pordenone, tinha sido encontrada morta, assassinada pelo ex-namorado que ela tinha deixado e que se suicidou. Nas mesmas horas, em Taranto, Federica De Luca, 30 anos, havia sido assassinada pelo marido, que depois matou a si mesmo e o filho de quatro anos. Os dois estavam se deixando. "Você vai ter que sofrer como eu sofro", foi o último SMS recebido por Sara Di Pietrantonio, 22 anos, estudante. Na noite do dia 29 de maio, em Roma, ela foi estrangulada e queimada pelo ex-namorado. Ainda em Roma, no dia 20 de abril. Assunta Finizio foi morta no bar com quatro tiros. O marido não suportava ter sido abandonado. San Martino in Argine, Molinella, Bolonha, 13 de abril: Liliana Bartolini, 51 anos, foi esfaqueada pelo cônjuge. O homem tinha uma relação com outra mulher.
A reportagem é de Marina Corradi, publicada no jornal Avvenire, 10-06-2016. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Michela, Alessandra, Sara e as outras são apenas os últimos nomes da lista de 58 mulheres que, nos primeiros meses de 2016, encontraram a morte pelas mãos do marido, de um namorado ou de um companheiro. Chamam isso de "feminicídio", e, para nós, essa palavra, que também usamos por brevidade, não nos agrada – como se o "gênero" viesse antes do que o ser, uma mulher, pessoa.
Em todo o caso, trata-se de homicídios marcados por particularidades constantes: são cometidos pelo cônjuge, ou por um companheiro, ou por um ex; quase nunca são episódios repentinos, mas chegam no fim de uma série de violências físicas ou psicológicas, às vezes até mesmo denunciadas; apesar da ferocidade, os assassinos eram muitas vezes considerados "perfeitamente normais" pelos conhecidos.
A série de tragédias, das quais mencionamos apenas uma pequena parte, é assustadora, a ponto de gerar um alerta mais do que justificado. E ainda, de acordo com as estatísticas, os feminicídios, nos últimos dez anos, na Itália, ocorrem em um número quase constante: uma tabela de 2014 do instituto Istat mostra um padrão ondulatório do fenômeno e até mesmo uma leve diminuição: de uma taxa de 0,6 a cada 100 mil mulheres em 2004 a pouco mais de 0,4 em 2014. Ano em que os feminicídios foram 136. Os números deste ano, ao menos até hoje, portanto, estão em uma média trágica, constante.
Mas algo mudou nos últimos 20 anos. Os homicídios de homens, cometidos principalmente pelo crime organizado, diminuíram drasticamente, dentro de uma forte queda do número global desses crimes, que, de 1.916 em 1991, passaram para 468 em 2014.
Assim, de acordo com o Istat, os feminicídios, que nos anos 1990 eram um décimo dos homicídios totais, constituem hoje nada menos do que um terço. Dos 468 homicídios em 2014, os feminicídios foram, como dissemos, 136; em 2015, foram 128. Isso não representa um aumento, portanto, mas uma atroz "normalidade".
De acordo com o Bes, o relatório "Bem-estar justo e sustentável" do Istat de 2015, nos últimos anos, registra-se também uma melhoria geral nos números indicativos da violência contra as mulheres: as violências domésticas menos graves estão em queda, há mais denúncias e mais pedidos de ajuda aos centros antiviolência, e uma percepção crescente da violência doméstica contra as mulheres como crime.
No entanto, o que permanece totalmente não afetado, de acordo com o Bes, é precisamente o número dos episódios dramáticos: estão em aumento as mulheres que sofreram lesões ou temem pela própria vida. Não é um pico, mas uma espécie de "núcleo duro" da violência até mesmo mortal contra as mulheres, que, ao contrário dos homens, são em sua maioria vítimas de pessoas conhecidas e amadas, dentro das paredes da casa.
Esse é o elemento chocante do fenômeno que é relatado com relevância pela mídia: é o marido, o pai dos filhos, o namorado quem pode chegar a matar. E não em um ataque, como muitas vezes se escreve, mas frequentemente no culminar de uma série de ameaças, ciúmes obsessivos, maus-tratos ou espancamentos até então tolerados.
Por quê? Muitas vezes, por amor: porque essa mulher ainda ama esse homem, porque espera que as coisas vão melhorar, porque não quer se separar, ou pelo bem dos filhos, que também estão vendo. Muitas mulheres só chegam ao passo da denúncia depois de anos, por medo de que a escolha torne o parceiro mais agressivo.
Mas o que desencadeia a violência assassina? Muitas vezes, dizem os próprios assassinos: "Ela queria me abandonar". "Ela queria ir embora de casa." Depois de anos de sofrimento, quando uma mulher se rebela contra um companheiro violento, então é o momento crítico: a ideia do abandono pode cegar o parceiro de fúria e desespero. Aquele homem que, talvez, é pai, trabalhador, "normal", de acordo com todos.
Normal? Perguntamos ao psiquiatra, ensaísta e "conhecedor de almas" Eugenio Borgna, que confirma: "A loucura quase nunca tem a ver com esses episódios". Mas estrangular a mãe dos próprios filhos, incendiar uma namorada, como é possível que isso seja obra de pessoas sãs de mente? O que explica tal ferocidade?
Borgna: "Acima de tudo, lembremos que a violência está no nosso DNA. A violência faz parte da condição humana. Hoje, dentro de uma perda comum de valores e uma desespiritualização da vida, pode-se chegar mais facilmente a uma reificação do outro: a olhá-lo como uma coisa e não como uma pessoa, uma coisa talvez a ser comprada ou ao menos a ser possuída, até mesmo pela força. Esse primeiro impulso gera outros, no rastro da desumanização do próximo".
Mas por que, então, são os homens que matam as mulheres, e raramente o contrário? "Parece-me difícil de desmentir que a violência e a agressividade pertencem mais à natureza dos homens do que à das mulheres. É certo que a mulher também comete crimes, mas raramente chega à completa desumanização do outro, não o degrada a coisa, e continua havendo nela, frequentemente, um fio de nostalgia do humano."
O que acontece nas casas onde uma mulher é morta por um homem que amava? "Há uma violência que é criada dia a dia, no início, talvez, psicológica, tolerada por mulheres que a confundem com amor, ou que tentam proteger a família e a maternidade. Se, depois, um dia, após uma violência física excessiva, a mulher se rebela, o homem se sente ameaçado pelo abandono e pode destruir o objeto que escapa das suas mãos, como uma criança destrói um brinquedo que quebrou. Essencialmente, mata-se a esposa assim como alguém que surpreende um ladrão em casa acredita que está no direito de matá-lo. São instintos arcaicos, que emergem novamente na desertificação dos valores. Mas não chamemos isso de loucura: é maldade."
Um mal moral que pode desembocar no desespero absoluto, quando o assassino mata os filhos e, depois, também a si mesmo.
Portanto, mesmo que as estatísticas não revelem picos de feminicídio por enquanto, não é possível, de fato, ficar tranquilo. E o próprio alerta angustiado difundido pela mídia tem ao menos uma utilidade: sugerir às mulheres que tolerar violências "menores" pode ser perigoso, que a situação pode piorar, que é preciso denunciar e pedir ajuda.
O alerta midiático pode fazer com que as jovens entendam que a possessividade e o ciúme obsessivo de um rapaz não são, como talvez acreditem, "amor", mas sinais de algo que está errado, de um olhar sobre elas secretamente marcado por um obscuro instinto de posse.
Entenda-se: para se salvar antes que, como para Alessandra, Michela, Sara e tantas outras, que seja tarde demais. Entenda-se: até mesmo por parte dos parentes, dos amigos, dos sacerdotes que, muitas vezes, sabem da deterioração das situações familiares. Não é loucura, não é um ataque inesperado. Certas tragédias podem ser vislumbradas, enquanto amadurecem. Talvez, algumas, pelo menos, poderiam ser evitadas.
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Homens que matam mulheres como se fossem brinquedos quebrados - Instituto Humanitas Unisinos - IHU