ONU "cutuca" os grandes: basta 1% dos gastos militares para enfrentar as crises globais

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27 Mai 2016

Não é retórica. É aritmética. Para enfrentar tantas crises humanitárias em curso, são necessários – com base nos cálculos das Nações Unidas – 240 milhões de dólares por ano. Uma meta nada impossível: o número representa apenas 1% das atuais despesas militares mundiais.

A reportagem é de Lucia Capuzzi, publicada no jornal Avvenire, 25-05-2016. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Quem lembrou isso aos 57 chefes de Estado e de governo e aos quase 6 mil delegados reunidos em Istambul para a Primeira Cúpula Humanitária, foi Ban Ki-moon, nessa terça-feira. O secretário-geral, promotor da iniciativa, disse-se "orgulhoso" com os resultados da conferência. No entanto, expressou "desapontamento com o fato de que alguns líderes não vieram, especialmente os do G7, com exceção de Angela Merkel".

Ban lançou um apelo aos membros do Conselho de Segurança "para dar passos importantes: a sua ausência não é uma desculpa para não fazer nada". A situação é dramática: 130 pessoas necessitam de assistência para sobreviver. E o seu número cresce em um ritmo alarmante de um milhão por mês.

Para enfrentar a emergência, é urgente reformar o sistema das ajudas, de modo a torná-lo "mais inclusivo", afirma a ONU. O que preocupa, em particular, é a proliferação de conflitos e as dificuldades de parar os que estão em curso: como destaca a ONU, 80% dos fundos devem resolver tragédias criadas pelo ser humano.

Uma verdadeira solução, como lembrado pelo Papa Francisco na mensagem enviada à cúpula, só pode ser encontrada colocando-se no lugar e ao lado das vítimas. Escutemos o seu clamor – pediu o papa –, deixemos que elas nos deem "uma lição de humanidade".

A chave para o sucesso da cúpula – reiterou o cardeal Pietro Parolin – é "colocar-se do lado daqueles que sofrem". Em uma entrevista à Radio Vaticana, o secretário de Estado – que liderou a delegação da Santa Sé em Istambul – frisou a centralidade da pessoa humana, "mas da pessoa humana na sua concretude, na sua singularidade. Portanto, a pessoa que sofre, a pessoa que se encontra em necessidade".

A conferência, no entanto, não foi isenta de polêmicas. O líder do país anfitrião, Recep Erdogan Tayyb, aproveitou a oportunidade para lançar um novo ataque à União Europeia. No dia seguinte às críticas de Merkel pelo enrijecimento turco, o presidente disse que não tinha recebido da Europa as ajudas prometidas pelo acordo sobre os refugiados.

E lançou o desafio para Bruxelas: "Se não houver nenhum progresso na liberalização dos vistos, Ancara não vai continuar na implementação do entendimento sobre os migrantes". Também foi eloquente, nesse sentido, a escolha de não inserir Volkan Bozkir, protagonista da recente mediação com a Europa, no novo Executivo.