16 Mai 2016
“Se queremos valorizar a figura da mulher na Igreja católica e lhe dar uma função mais central, como aconteceu em outras confissões cristãs, a via do diaconato pode representar um caminho que se pode percorrer tranquilamente, porque se trata de uma instituição que se prolonga até o século XI. Os exemplos dos quais recomeçar? Certamente dos testemunhos que nos chegam da Igreja dos primeiros séculos”. Este é o primeiro comentário que nos chega de Emanuela Prinzivalli, docente de História do Cristianismo na universidade “La Sapienza” de Roma, à luz do anúncio feito pelo Papa Francisco de querer pensar em instituir uma comissão de estudo do anúncio feito na Igreja primitiva.
A reportagem é de Filippo Rizzi, publicada por Avvenire, 14-05-2016. A tradução é de Benno Dischinger.
A professora Prinzivalli elenca os “casos mais antigos” de diaconato a que foram chamadas nos primeiros séculos as mulheres – o que é confirmado também por tantas passagens do Novo Testamento – pondo, sobretudo em evidência a diferença entre a Igreja das origens, “principalmente nos primeiros três séculos” e a Igreja atual.
“Muito provavelmente o título de diácono da Igreja antiga, pensado para as mulheres – argumenta a estudiosa – corresponde a um serviço dado para a comunidade que nós não sabemos bem definir com respeito à evolução subsequente”.
A historiadora do cristianismo recorda algumas fontes nas quais há uma clara referência à figura da mulher destinada a revestir este tipo de ministério. “Me vem à mente a passagem da carta aos Romanos na qual São Paulo fala de uma mulher de nome Febe, a “diáconos” da comunidade de Cencre, por ele descrita como protetora”.
E acrescenta um particular: “Outro caso no qual é mais evidente um aceno ao “diaconato feminino” se encontra no capítulo terceiro da Primeira carta a Timóteo. Naquela passagem se fala e se indica mulheres – no interior de uma hierarquia de Igreja que já era estruturada em sentido vertical – chamadas a aproximar-se das mesmas virtudes praticadas pelos diáconos (homens) e, portanto à mesma função. Trata-se de figuras descritas como: “dignas, sóbrias, não caluniadoras, fiéis em toda coisa”. São, em suma, mulheres chamadas a revestir as mesmas virtudes cristãs prescritas aos diáconos”.
A professora anota depois outro precedente que poderia ser tomado em exame pela possível comissão sobre o diaconato feminino pensada por Francisco. “Certamente um testemunho sobre o papel ativo de mulheres no interior da Igreja – explica – nos chega de Plínio o jovem, então governador da Bitínia nos inícios do século III, no qual ele acena à colocação sob tortura de duas escravas definidas como “ministras”. Esta declinação no feminino em língua latina nos ajuda a entender que estas mulheres tinham um papel relevante e por certo não marginal na Igreja de Bitínia”.
E acrescenta outro particular: “Os casos evidentes de “mulheres diácono” se manifestam claramente no fim do século IV – se pense na Igreja de Constantinopla – como Olímpia, amiga de São João Crisóstomo, que é ordenada com a imposição das mãos sobre ela. Eram dedicadas à liturgia e à cura pastoral da parte feminina da Igreja daquele tempo”.
Outro exemplo? Ele nos chega da “Didascalia apostorum” na Síria do III século: em cujo texto, de tipo canonista, se afirma que as mulheres não podem ser padres, mas existe a nítida afirmação de “mulheres diácono”, onde precisamente “a diaconisa é imagem do Espírito Santo. Os espaços do diaconato feminino de então, especialmente na Igreja do Ocidente, se restringirão progressivamente. Mas, os casos de estudo dos quais partir são inumeráveis”.