Por: André | 04 Mai 2016
O cardeal Karl Lehmann, bispo de Mainz, na Alemanha, festejará seu 80º aniversário na próxima segunda-feira de Pentecostes (16 de maio). Nesta ocasião, no livro-entrevista editado pela Herder Verlag, o ex-presidente da Conferência Episcopal da Alemanha, conhecido por sua franqueza e seus confrontos com a cúria romana, julga severamente a prática das nomeações episcopais feitas pelo Vaticano.
Fonte: http://bit.ly/1q0cDvB |
A reportagem é de Jacques Berset e publicada pelo Portal Catholique Suisse – cath.ch, 02-05-2016. A tradução é de André Langer.
O cardeal Lehmann declara que ao longo dos últimos anos tem havido evidência de casos “em que os candidatos propostos pelo Capítulo da Catedral local foram excluídos da lista”, e os nomes substituídos em uma nova lista feita em Roma. Considerando-se ser realmente este o caso, trata-se de “um desprezo da Igreja local difícil de suportar”.
Esse tipo de coisas, infelizmente, acontece ainda hoje, apesar do Papa Francisco, lamentou ele, denunciando a interferência de “pessoas não autorizadas”. Ele pede, em nome do direito, que se rejeite as “influências exteriores, que não são legítimas”, para que aqueles que têm uma palavra a dizer possam efetivamente fazê-lo, porque esses são eles que terão que conviver com o candidato eleito. E se realmente teria alguma coisa contra um determinado candidato, o núncio ou Roma deveriam falar com o decano ou o preposto do Capítulo, sublinhou.
“Roma não pode simplesmente excluir os nomes sem justificativas”. Para ele, é urgente esclarecer esse ponto. Para o cardeal Lehmann, “já aconteceu simplesmente demais. Caso contrário, todo o processo será cada vez mais questionado”.
O cardeal Lehmann, em seu livro-entrevista, acredita que é preciso, antes da eleição ou da nomeação de um novo bispo, considerar mais sua competência teológica do que sua ortodoxia no sentido formal. Um bispo deve ter uma abertura, ter a capacidade de assumir teologicamente novos desafios.
A partir do dia 17 de maio de 2017, a sede de Mainz deverá estar vacante, de acordo com uma informação diocesana. Lehmann apresentou sua demissão aos seus 75 anos, como pede o Código de Direito Canônico (cânon 401, al. 1), mas o Papa Bento XVI não a aceitou.
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O cardeal Lehmann critica a prática das nomeações episcopais - Instituto Humanitas Unisinos - IHU