Páscoa. Silêncio sobre a pedofilia

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05 Abril 2010

O orgulho católico em defesa do Papa se materializa, surpreendemente, antes da missa solene de Páscoa, na pessoa do cardeal decano Ângelo Sodano. Tratou-se de um verdadeira blindagem para defender o Pontífice das críticas pelo escândalo da pedofilia na Igreja.

A reportagem é de Orazio La Rocca e publicada pelo jornal La Repubblica, 06-04-2010.

Ontem, as críticas se fizeram ouvir nos maiores jornais europeus e americanos. Um jornal do peso do Washington Post, inclusive, pede a demissão de Bento XVI. “Santidade, toda a Igreja lhe está próxima e o povo de Deus não se deixará impressionar por “fofocas” momentâneas”, declama Sodano ante Bento XVI.
Tratou-se de uma intervenção fora do programa, algo inédito, que desencadeou uma série de perguntas e polêmicas. Seria o escândalo meramente uma banal “fofoca”?

Os jornais de ontem, quase na sua unanimidade, comentam o “silêncio” do Pontífice sobre o escândalo durante a Semana Santa e na homilia de Páscoa. Assim, o El País, da Espanha, o Times e o Guardian, de Londres, o Le Monde, da França, comentaram o “silêncio”.

O Times de Londres noticia os protestos que aconteceram na missa pascal na catedral de Dublin, na Irlanda, quando um grupo de fiéis tentou levar os sapatinhos de uma criança para o altar, recordando as vítimas dos abusos ao grito de “vergonha”, dirigido ao arcebispo Diarmuid Martin.

O Washington Post, por sua vez, compara a crise do clero católico ao Watergate dos anos 1970 que obrigou o presidente Nixon a renunciar. Igualmente duras as críticas da revista Der Spiegel, da Alemanha.

A Rádio Vaticana respondeu às críticas classificando-as  como “uma estrondosa campanha difamatória” que visa golpear não os padres pedófilos mas o próprio Papa. A Rádio cita dados do governo americano mostrando que menos de 0,03% de padres estão envolvidos nos escândalos, enquanto que 64% são cometidos dentro do próprio âmbito familiar. “A Igreja, recorda a Rádio Vaticana, defende a justiça, e a primeira justiça é o direito à vida, defende a família fundada no matrimônio entre um homem e uma mulher”.

Assim, as críticas visam, segundo alguns membros da Cúria romana, excluir a Igreja do debate público sobre temas cruciais. Isso para não falar de “advogados sem escrúpulos que buscam colocar os recursos do Vaticano à disposição dos tribunais”.

Por sua vez, Papa Ratzinger, ontem, segunda-feira de Páscoa, em Castel Gandolfo, recordou que os padres devem ser “como os anjos” que anunciam a ressurreição.