07 Julho 2008
“A forma como a sociedade brasileira percebe, hoje em dia, sua abissal desigualdade social é ‘colonizada’ por uma visão ‘economicista’da realidade social. O economicismo é, na realidade, um subproduto do liberalismo como visão de mundo hoje dominante em todo o planeta, a qual tende a reduzir todos os problemas sociais à lógica da acumulação econômica. Entre nós, no entanto, o economicismo, de tão hegemônico, transformou-se na única linguagem social compreensível por todos, de tal modo que nossos graves problemas sociais são todos superficialmente percebidos e amesquinhados a questões de ‘gestão de recursos’”. A afirmação é de Jessé Souza, doutor em sociologia pela Universidade de Heidelberg (Alemanha) e professor titular da Universidade Federal de Juiz de Fora.
O debate sobre programas assistenciais à população mais pobre no Brasil se perde, muitas vezes, na miopia da conjuntura política e das querelas partidárias. É como se não existisse "política" fora dos partidos e de suas respectivas propagandas. Eu gostaria de mudar o foco de análise, dado que ele é falso e condenado a atacar espantalhos e nunca os problemas reais. Na verdade, é a "sociedade" e não o "Estado", ao contrário do que pensam o senso comum e as teorias "científicas" que apenas reproduzem o senso comum em linguagem erudita, o verdadeiro local da formação dos consensos, quase nunca articulados conscientemente, que monta todo o fundamento do horizonte do possível em todas as questões políticas fundamentais.
(cfr. notícia do dia 07-07-08, desta página)
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"Vivemos numa sociedade que naturaliza a desigualdade’ - Instituto Humanitas Unisinos - IHU