22 Abril 2008
O Paraguai esteve em mãos de uma oligarquia autoritária, voraz e corrupta desde sempre, ou pelo menos desde os tempos da chamada “guerra grande”, quando a tríplice aliança praticamente o destruiu,. A vitória de Lugo sinaliza um novo e profundo processo histórico de construção, ou refundação do país. E começa logo com a exigência de recuperar uma plena soberania energética diante de seus visinhos Brasil e Argentina. “Yacyretá e Itaipu são tratados leoninos, injustos”, declarou meses atrás.
Agora se abrirá certamente um período de discussões, para a revisão do tratado de Itaipu Binacional ou, pelo menos, chegar logo a uma remuneração adequada da energia comprada pelo Brasil ao Paraguai, como indicou Celso Amorim. Para Lugo, não há que esperar 2027, data prevista para a revisão do tratado com o Brasil, mas o fará por via diplomática, num estilo possivelmente diferente do que teve Evo Morales com o gás e o petróleo.
Lugo indica que não seguirá nenhum modelo alheio: “Creio que hoje, na América Latina, não há paradigmas comuns unificados... Temos de fazer nosso próprio caminho para nos integrar e não ser uma ilha entre governos progressistas” (entrevista ao jornal espanhol El País, publicada em 18 de abril). Ao mesmo tempo, tem declarado sua estima plural tanto por Lula, Evo Morales, Rafael Correa, ou Michelle Bachelet, quanto por Hugo Chávez. Temos diante de nós um tempo fecundo e criativo, não isento de tensões normais e indispensáveis, nas novas relações entre o Brasil e o Paraguai.
(cfr. notícia do dia 22-04-08, desta página).
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Fernando Lugo, mais uma vitória dos setores populares sul-americanos - Instituto Humanitas Unisinos - IHU