02 Janeiro 2007
A mudança de regime não é, por si mesma, uma justa causa de guerra, como também não a democratização (embora nós sintamos fortemente o valor das instituições democráticas). Mas, se um regime brutal está empenhado no homicídio em massa e no policiamento étnico, então deve ser “mudado” pela força militar, se necessário. E, uma vez que se está de acordo sobre a necessidade da mudança, então há fortes razões para que se avance para um regime democrático. Como se faz para sopesar o valor da paz em relação ao valor de frear um massacre?
Bem, na maior parte dos casos não é necessário fazê-lo: não existe paz se o povo é massacrado. Mas, posso imaginar uma situação em que os assassinos sejam tão potentes. E por isso penso que devemos, sim, procurar caminhos alternativos e, se não frear o massacre, pelo menos condená-lo e protestar. Diferenças culturais e religiosas que dão lugar a desigualdades em sociedades domésticas (por exemplo, hierarquias de classe ou algo semelhante), ou a formações políticas antidemocráticas (o governo dos religiosos anciãos, por exemplo), não são motivos para uma intervenção militar ou para qualquer tipo de aplicação do direito global.
Mas, são ocasiões para exercitar a crítica social em suas múltiplas variedades. O respeito por outras culturas não exclui uma crítica incisiva de algumas práticas tradicionais específicas. Na verdade, a crítica é talvez a mais honesta forma de respeito.
(cfr. notícia do dia 02-01-07, desta página).
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Não há paz se o povo é massacrado. Entrevista com Michael Walzer. - Instituto Humanitas Unisinos - IHU