01 Setembro 2010
Ruínas do mosteiro de São Disibodo |
Aos oito anos, para receber uma adequada formação humana e cristã, foi confiada aos cuidados da mestra Jutta von Spanheim, que havia se retirado em clausura junto ao mosteiro beneditino de São Disibodo. Foi-se formando um pequeno mosteiro feminino de clausura, que seguia a Regra de São Bento.
Hildegard recebeu o véu do Bispo Otto von Bamberg e, em 1136, com a morte da madre Jutta, que havia se tornado Superiora da comunidade, as co-irmãs lhe chamaram para sucedê-la. Ela desenvolveu essa tarefa valendo-se de seus dotes de mulher culta, espiritualmente elevada e capaz de enfrentar com competência os aspectos organizativos da vida claustral.
Alguns anos depois, por motivo do número crescente de jovens mulheres que batiam nas portas do mosteiro, Hildegard fundou uma outra comunidade em Bingen, dedicada a São Ruperto, onde transcorreu o resto de sua vida. O estilo com o qual exercia o ministério da autoridade é exemplar para toda comunidade religiosa: ele suscitava uma santa imitação na prática do bem, tanto que, como resulta de testemunhos daquele tempo, a madre e as filhas competiam em estimar-se e servir-se reciprocamente.
Já nos anos em que era superiora do mosteiro de São Disibodo, Hidegard havia começado a ditar as visões místicas, que recebia há muito tempo, ao seu conselheiro espiritual, o monge Volmar, e à sua secretária, uma co-irmã à qual era muito afeiçoada, Richardis von Strade. Como sempre ocorre na vida dos verdadeiros místicos, Hildegard também quis se submeter à autoridade de pessoas sábias para discernir a origem das suas visões, temendo que elas fossem fruto de ilusões e que não viessem de Deus.
Por isso, dirigiu-se à pessoa que, no seu tempo, gozava da máxima estima da Igreja: São Bernardo de Claraval, do qual já falei em algumas Catequeses. Este tranquilizou e encorajou Hildegard. Mas, em 1147, ela recebeu uma outra aprovação importantíssima. O Papa Eugênio III, que presidia um sínodo em Trier, leu um texto ditado por Hildegard, que lhe foi apresentado pelo Arcebispo Henrique de Mogúncia. O Papa autorizou a mística a escrever as suas visões e a falar em público. A partir daquele momento, o prestígio espiritual de Hildegard cresceu sempre mais, tanto que seus contemporâneos lhe atribuíram o título de "profetisa teutônica".
É este, caros amigos, o selo de uma experiência autêntica do Espírito Santo, fonte de todo carisma: a pessoa depositária de dons sobrenaturais não se orgulha nunca deles, não os ostenta e, principalmente, mostra total obediência à autoridade eclesial. Todo dom distribuído pelo Espírito Santo, de fato, é destinado à edificação da Igreja, e a Igreja, por meio dos seus Pastores, reconhece a sua autenticidade.
Falarei ainda mais uma vez, na próxima quarta-feira, sobre essa grande mulher "profetisa", que fala com grande atualidade também hoje a nós, com a sua corajosa capacidade de discernir os sinais dos tempos, com o seu amor pela criação, a sua medicina, a sua poesia, a sua música, que hoje é reconstruída, o seu amor por Cristo e pela Sua Igreja, sofredora também naquele tempo, ferida também naquele tempo pelos pecados dos padres e dos leigos, e ainda mais amada como corpo de Cristo. Assim, santa Hildegard fala a nós; falaremos sobre isso novamente na próxima quarta-feira. Obrigado pela vossa atenção.
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Hildegard von Bingen, uma "grande profetisa", segundo Bento XVI - Instituto Humanitas Unisinos - IHU