15 Novembro 2011
Com uma dura crítica à "cruel" violência homicida sofrida pelos salvadorenhos, a Universidade Centro-Americana (UCA) encerrou na madrugada de domingo a vigília pelo 22º aniversário de assassinato de seis sacerdotes jesuítas (entre eles, Ignacio Ellacuría) e duas mulheres.
A reportagem está publicada no sítio espanhol Religión Digital, 14-11-2011. A tradução é do Cepat.
"Como todos sabem, a vida em El Salvador continua marcada pela violência, essa violência que tem sua expressão mais cruel e evidente no alto número de homicídios que acontecem diariamente em nosso país", lamentou o reitor da UCA, Andreu Oliva, em uma missa na universidade.
Na madrugada de 16 de novembro de 1989, aproveitando-se de uma ofensiva guerrilheira, efetivos do Exército assassinaram no campus da UCA o reitor dessa casa de ensino, o sacerdote espanhol, nacionalizado salvadorenho, Ignacio Ellacuría.
Também foram assassinados os sacerdotes espanhóis Ignacio Martín Baró (vice-reitor), Segundo Montes, Amando López e Juan Ramón Moreno, o padre salvadorenho Joaquín López, a empregada doméstica Elba Ramos e sua filha Celina.
Segundo Oliva, até o dia 23 de outubro foram registrados 3.537 homicídios, número elevado apesar da queda em relação ao ano passado, quando houve 4.004 mortes violentas.
Afirmou que os homicídios acabam com os jovens dos bairros mais pobres e que 57% das vítimas têm entre 15 e 29 anos.
"À dor e à impotência (dos familiares) se une o medo que enche suas vidas, que os paralisa e os impede de colaborar com a justiça para que os assassinatos de seus filhos não fiquem impunes", disse Oliva sobre a impunidade na maioria dos casos.
Um segundo problema que angustia os salvadorenhos, segundo Oliva, são o alto custo de vida e a pobreza.
"A verdade e que os bens de consumo básico não estão ao alcance dos salários da população. O salário mínimo é insuficiente para poder viver com dignidade, nem sequer para o próprio trabalhador", destacou.
Qualificou o desemprego como "um eterno problema" que deriva em "exclusão" que afeta os jovens que terminam o ensino médio e a universidade.
Segundo a UCA, a incapacidade de criar empregos suficientes gerou uma economia informal na qual "sobrevivem" centenas de milhares de pessoas que obtêm quatro ou cinco dólares por dia.
Nesse contexto, Oliva indicou que continuarão fiéis aos postulados dos mártires jesuítas. "Seremos fiéis aos mártires que nos ensinaram a importância de estudar e analisar a realidade nacional, para que a partir do profundo conhecimento da mesma possamos atuar a favor das maiorias empobrecidas e oprimidas", destacou.
Pelos crimes, três militares salvadorenhos foram condenados em 1991, de um total de nove processados, mas em 1993 se beneficiaram de uma Lei de Anistia promulgada pelo Congresso após o fim da guerra civil.
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A UCA recorda o martírio de Ellacuría e dos jesuítas assassinados - Instituto Humanitas Unisinos - IHU