09 Novembro 2011
As palavras do bispo Li Suguang durante a entrevista à revista 30 Giorni: "Sempre lemos e divulgamos os discursos do Papa".
A reportagem é de Andrea Tornielli e está publicada no sítio Vatican Insider, 07-11-2011. A tradução é do Cepat.
"Na China nenhum sacerdote nem bispo têm a intenção de mudar a doutrina da Igreja... Não apenas eu, mas todos os demais bispos da China, sempre lemos e divulgamos todos os discursos do Papa, as homilias, as encíclicas... Fazemos fotocópias dos materiais e os enviamos a todos os sacerdotes e a todas as paróquias, para que todos possam ler e acompanhar o Papa em seu magistério ordinário...". Conta-o Juan Bautista Li Suguang, bispo auxiliar de Nanchang, que tem 46 anos, durante uma entrevista que acaba de ser publicada na revista 30 Giorni.
Ordenado bispo em 31 de outubro de 2010, com a aprovação da Santa Sé e com o reconhecimento das autoridades chinesas, Li Suguang é um dos bispos que receberam chamadas de atenção nos últimos comunicados da Santa Sé, porque no dia 14 de julho passado ele participou de uma ordenação ilegal de José Huang Bingzhuang como bispo de Shantou. Ele e outros religiosos que têm cerca de 40 anos e pertencem a uma geração que agora se encontra à frente da Igreja na China são acusados de terem se rendido às diretrizes da política religiosa governista. Durante a entrevista, explica sua conduta e a de seus irmãos destacando firmemente o vínculo imprescindível com o Papa.
"Não apenas eu – conta –, mas todos os demais bispos da China, sempre lemos e divulgamos não apenas a Carta do Papa aos católicos chineses desde 2007, mas também todos os seus discursos, as homilias, as encíclicas... Fazemos fotocópias dos materiais e os enviamos a todos os sacerdotes e a todas as paróquias, para que todos possam ler e acompanhar o Papa em seu magistério ordinário e assim possamos encontrar indicações para as nossas vidas nas situações que nos cabem viver. Desta forma, compartilhamos a fé do sucessor de Pedro, e este é verdadeiramente o modo mais simples e concreto possível para viver a comunhão com o Papa, que todos podem ver. E depois, todos rezamos por ele. Todos os bispos rezam por ele. Eu rezo por ele e rezo também por mim, para que o Senhor me ajude a ser um bom bispo".
E também acrescenta que "seria um enorme dom se o Papa pudesse entender a China", isto é, "a cultura e a situação social concreta em que se encontra a Igreja na China. Há muito por aprender, muito por compreender. Às vezes quem passa uma semana na China volta para casa e começa a comportar-se como se soubesse tudo sobre os católicos chineses. Ao contrário, é preciso reconhecer e respeitar as situações complexas em sua medida. Eu espero que as relações entre a China e o Vaticano possam retomar a direção correta. Seria uma coisa boa para nós e para toda a Igreja".
Ao referir-se à tradição apostólica e à conservação da fé católica no grande país asiático, Juan Bautista Li Suguang acrescenta: "A pergunta fundamental é como os bispos chineses expressam sua própria fé em união com o sucessor de Pedro e com toda a Igreja universal. Creio que desde o começo até agora, a nossa Igreja na China nunca mudou uma só letra da tradição apostólica que lhe entregaram. Não mudamos nem uma vírgula sequer da doutrina da fé e da grande disciplina da Igreja. Nos reunimos em torno dos mesmos sacramentos, recitamos as mesmas orações, na continuidade da sucessão apostólica. Esta é a base da autêntica comunhão. Mesmo com nossos limites e com todas as nossas faltas e fragilidades, nós fazemos parte da Santa Igreja Universal, compartilhamos com todos os nossos irmãos de todo o mundo a fidelidade para com a mesma tradição apostólica. Não queremos mudar nada".
Para terminar, o bispo nega a acusação que se faz normalmente com respeito aos expoentes do episcopado que têm maiores contatos com o governo comunista, a de querer criar uma Igreja autocéfala, nacional, separada de Roma. "Isto é o que outros pensam. São as opiniões de outros, não as nossas. Nenhuma Igreja é auto-suficiente, nenhuma Igreja pode viver sem o dom do Espírito de Cristo. Repito, atualmente, na China nenhum sacerdote e nenhum bispo pretende mudar a doutrina da Igreja. O amor de Cristo também se manifesta na China como compreensão. No mundo de hoje, apesar dos processos da globalização, ainda há muitas diferenças. Por exemplo, entre a China e a Europa a compreensão é difícil. É preciso encontrar pontos de contato, e o diálogo, dia após dia, é o único caminho para aproximar mundos tão diferentes. Por isso, espero que a Igreja universal acolha e reconheça a Igreja da China pelo que realmente é. Sem isolá-la nem maltratá-la, para que cresça a comunhão como sinal do amor de Cristo. Como bispo, espero tão somente que o espírito do amor de Cristo se difunda e brilhe também na China".
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"Na China não queremos mudar a doutrina da Igreja", afirma bispo - Instituto Humanitas Unisinos - IHU