A explosão de um forno que continha quatro toneladas de material radioativo matou uma pessoa, feriu quatro e assustou a França na manhã de ontem. O acidente ocorreu no
Centro de Tratamento de Rejeitos Pouco Enriquecidos (Centraco, na sigla francesa), no complexo nuclear de
Marcoule, nos arredores de
Nimes, sul da França.
A reportagem é de
Andrei Netto e publicada pelo jornal
O Estado de S. Paulo, 13-09-2011.
Durante algumas horas, houve dúvidas entre a população local sobre a existência ou não de fuga de material radioativo na atmosfera, mas as autoridades públicas asseguraram que não ocorreu um vazamento.
O acidente provocou medo na região, pois os alarmes de acidente nuclear foram disparados em escolas e creches, que fecharam suas portas com medo de contágio. No interior do complexo, um incêndio consumiu o forno, no qual eram fundidos metais radioativos, depois reciclados ou levados para os depósitos de dejetos contaminados. O incêndio só foi controlado às 13 horas locais.
A partir de então, técnicos da
Autoridade de Segurança Nuclear (ASN) entraram na usina para verificar o estado das instalações, enquanto medições do nível de radioatividade da atmosfera foram feitos no exterior. A conclusão foi anunciada às 16 horas, quando a
ASN divulgou nota oficial sobre o episódio. "O acidente está terminado e nenhuma contaminação foi verificada", dizia o texto.
As autoridades julgaram que não era necessário adotar nenhuma medida de confinamento ou de retirada do moradores e reiterou que os funcionários feridos não tinham sido contaminados. Tanto o operário morto, quanto os quatro feridos - um em estado grave - teriam sido atingidos pela explosão, e não pelos rejeitos, e recebem atendimento no Hospital de Montpellier.
Diante da desconfiança que ainda pairava, a
Electricité de France (EDF), a empresa pública de fornecimento de energia, e o Ministério da Energia também divulgaram comunicados reiterando que não havia nenhum risco para a população. No fim da tarde, a ministra do Meio Ambiente,
Nathalie Morizet, visitou a usina com o objetivo de atestar a segurança. Mas a população só ficou tranquila quando membros da Comissão de Pesquisa e Informação Independentes sobre a Radioatividade, entidade autônoma em relação ao Estado, confirmaram que o grau de segurança tinha sido garantido. "Nenhuma contaminação foi detectada por nossas seis balizas espalhadas pelo vale do Rio Rhône", informou a comissão.
O forno que explodiu entrou em funcionamento em 1999 e faz parte de um complexo que preocupa as autoridades de energia nuclear na Europa por já ter registrado 21 pequenos acidentes. Ontem, a
Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) pediu explicações sobre o episódio.
A oito meses das eleições presidenciais de 2012, o acidente tende a relançar a discussão sobre a manutenção dos investimentos em energia atômica na França. Ontem, a candidata do movimento Europe Ecologie,
Eva Joly, exortou a França a investir em fontes de energia limpas, a exemplo da Alemanha. "A hora de sair do nuclear chegou", disse a jurista. Da mesma forma, organizações ambientalistas relançaram a proposta de desativação. A França continua sendo o país mais dependente do mundo da energia originada pela fissão do átomo.
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Acidente em usina nuclear mata 1 e assusta França - Instituto Humanitas Unisinos - IHU