A reunião de cúpula entre o presidente da França,
Nicolas Sarkozy, e a chanceler da Alemanha,
Angela Merkel, trouxe resultados - mas não os esperados pelos mercados. Em conferência em Paris, os dois líderes anunciaram a criação de um governo econômico comum para a zona do euro, que será presidido - caso aprovado pelos 17 países que adotam a moeda única - pelo belga
Herman Van Rompuy.
A reportagem é de
Andrei Netto e publicada pelo jornal
O Estado de S. Paulo, 17-08-2011.
Entre as medidas, consta ainda a
Regra de Ouro, espécie de lei de responsabilidade fiscal, para controlar os gastos públicos e o endividamento. Mas o pacote não inclui a criação de eurobônus, títulos da dívida emitidos em conjunto por países europeus - o que dividiria a conta da crise entre países ricos e pobres.
Os anúncios foram feitos no Palácio do Eliseu, numa atmosfera formal, cujo intuito foi demonstrar a união franco-alemã. O pacote pode ser resumido em quatro ações: instauração de um governo econômico da zona do euro, adoção da
Regra de Ouro, defesa conjunta de um imposto internacional sobre transações financeiras e medidas de integração entre as economias dos dois países. A maior parte das propostas terá de passar pelo aval do Conselho Europeu - instância que reúne chefes de Estado e de governo - e pelos parlamentos nacionais.
Em seus discursos,
Sarkozy e
Merkel reiteraram a necessidade de maior harmonia nas políticas da zona do euro e de maior responsabilidade na gestão de contas públicas para evitar a disparada de déficits e dívidas. "Nossas propostas visam a reconquistar a confiança dos mercados por nossos atos", disse Merkel.
Segundo
Merkel, os países da zona do euro devem ser obrigados a cumprir os termos da Pacto de Estabilidade, que limita as dívidas a 60% do PIB e o déficit público a 3%. "É preciso que os países da zona do euro se engajem mais para cumprir os termos do pacto."
Sarkozy, por sua vez, deixou claro que o objetivo do encontro era mostrar determinação. "Nossa vontade de combater esses fenômenos é total e completa, assim como a vontade de recolocar a zona do euro de volta ao caminho do crescimento."
Apesar da mobilização, o principal avanço defendido pelo mercado, a "federalização" das dívidas nacionais por meio da emissão de bônus pelo
Fundo Europeu de Estabilização Financeira (FEEF) não aconteceu.
Merkel e
Sarkozy não descartaram a medida, mas justificaram que a
União Europeia não está pronta para adotá-la. "Eurobônus? Um dia, mas no fim do processo, não no início", disse o francês.
Analistas se dividiram sobre as medidas, mas se mostraram satisfeitos com o avanço na integração econômica. Os mercados reagiram negativamente. As bolsas europeias já estavam fechadas, mas nos Estados Unidos, o índice Dow Jones caiu 1,3% durante os pronunciamentos, se recuperando mais tarde.
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Líderes propõem governo europeu - Instituto Humanitas Unisinos - IHU