Crise no país mais endividado do mundo

Mais Lidos

  • Alessandra Korap (1985), mais conhecida como Alessandra Munduruku, a mais influente ativista indígena do Brasil, reclama da falta de disposição do presidente brasileiro Lula da Silva em ouvir.

    “O avanço do capitalismo está nos matando”. Entrevista com Alessandra Munduruku, liderança indígena por trás dos protestos na COP30

    LER MAIS
  • Dilexi Te: a crise da autorreferencialidade da Igreja e a opção pelos pobres. Artigo de Jung Mo Sung

    LER MAIS
  • Às leitoras e aos leitores

    LER MAIS

Revista ihu on-line

O veneno automático e infinito do ódio e suas atualizações no século XXI

Edição: 557

Leia mais

Um caleidoscópio chamado Rio Grande do Sul

Edição: 556

Leia mais

Entre códigos e consciência: desafios da IA

Edição: 555

Leia mais

26 Julho 2011

Os jornais mostram a dificuldade de aprovação da elevação do limite do endividamento dos EUA, mas não mostram porque a dívida pública norte-americana chegou a esse ponto: nos últimos anos, o endividamento público norte-americano explodiu, principalmente devido aos empréstimos contraídos para salvar bancos ameaçados de quebra, além da cara manutenção de uma máquina de guerra em várias partes do mundo.

A análise é do Movimento Auditoria Cidadã da Dívida em seu sítio, 26-07-2011.

Os jornais resumem a dificuldade de elevação do teto da dívida dos EUA à disputa entre parlamentares republicanos e democratas. A principal dificuldade do país é o esgotamento da capacidade de emitir dólares para pagar uma monstruosa dívida pública. A cotação da moeda norte-americana caiu em todo o mundo e essa desvalorização se agravaria ainda mais diante de elevada emissão de moeda.

Os parlamentares (tanto republicanos como democratas) sabem que é necessário emitir mais títulos da dívida para que os EUA possam pagar empréstimos anteriores, e a condição posta para autorizar o aumento do teto tem sido a necessidade de um amplo corte de gastos sociais. Os deputados republicanos - que são maioria na Câmara - estão exigindo um corte maior nos gastos e rejeitam o aumento dos tributos sobre os mais ricos. Tudo indica que mais uma vez os trabalhadores pagarão a conta da irresponsabilidade dos bancos privados.

Diferentemente dos países do Sul, os EUA podem tomar empréstimos a juros muito baixos pois imprimem o dólar: moeda aceita internacionalmente, inclusive para pagar sua dívida. Devido à aceitação internacional do dólar em transações comerciais e financeiras internacionais, diversos países aplicam suas reservas internacionais em títulos da dívida dos EUA. O Brasil é um destes países, tendo acumulado mais de 200 bilhões de dólares em títulos do Tesouro estadunidense nos últimos 6 anos, embora tal aplicação não renda quase nada. Agora, a própria imprensa internacional começa a mostrar o risco de investir nesses papéis.

O mais grave é que adquirimos essas reservas internacionais em moeda que se desvaloriza frente ao real - e que não remunera quase nada - mediante a emissão de títulos da dívida interna que pagam os juros mais elevados do mundo. O endividamento brasileiro já atinge quase R$ 3 trilhões e em 2010 consumiu quase a metade dos recursos do orçamento, sacrificando os investimentos em saúde, educação e todas as demais áreas.

Ou seja: o povo brasileiro financia o salvamento de bancos falidos e a máquina de guerra estadunidense, às custas do aumento da dívida pública brasileira.