30 Junho 2011
"Vamos fazer uma campanha. Em materiais do sindicato, outdoors, vamos mostrar com foto, nome e partido todos os deputados que votaram na calada da noite os projetos que retiram direitos dos trabalhadores", afirma Rejane de Oliveira, presidente reeleita do Cpers-Sindicato, criticando o Plano de Sustentabilidade Financeira no RS, aprovado na Assembleia Legislativa gaúcha.
A entrevista está publicada no jornal Zero Hora, 01-07-2011.
Eis a entrevista.
No seu primeiro mandato houve oposição forte ao governo de Yeda Crusius, do PSDB. Como é a relação com Tarso Genro, do PT, um partido no qual a senhora é militante?
Eu não tenho relação pessoal com o governo. Os momentos em que nós sentamos foi para negociar em nome da categoria. Nós entendemos que o governo é o nosso patrão. Nossa relação é de negociação. Se o governo não quiser negociar, a relação é de enfrentamento.
Por esse seu perfil contestador, a senhora acredita que o Piratini apoiava outra chapa?
Não posso falar em nome do Piratini. Nosso processo eleitoral foi respeitoso, democrático. Interessa que o governo saiba que a presidência vai denunciar as políticas que atacam os nossos direitos.
O seu segundo mandato será ao longo do governo Tarso Genro. Qual a sua avaliação do começo de gestão?
Nos primeiros meses, pela pressão da categoria, houve o processo que desencadeou o reajuste de 10,91%. Até então, estávamos com um processo de diálogo, mas o governo rompe quando coloca o pacote de projetos na Assembleia Legislativa sem falar com a categoria. A votação foi no dia da eleição do Cpers, uma falta de respeito.
Por que a contrariedade ao pacote?
Na questão da Previdência, o governo aumentou na última hora a alíquota para 14%, dizendo que vai devolver o aumento através de abono. Significa que, a qualquer momento, a compensação pode sumir. É uma medida que afeta todos os professores. Mas o mais grave é o fundo de capitalização que o governo cria, privatizando nossa aposentadoria.
E a questão das requisições de pequeno valor (RPVs)?
Quase todos os professores têm RPV. A medida só afeta os pobres servidores públicos. Chamamos de o terceiro calote. A categoria não recebeu algo que era de direito e veio um precatório, que virou RPV, que agora fica em uma fila enorme para ser paga.
O sindicato tomará alguma medida?
Vamos fazer uma campanha. Em materiais do sindicato, outdoors, vamos mostrar com foto, nome e partido todos os deputados que votaram na calada da noite os projetos que retiram direitos dos trabalhadores.
Qual a principal bandeira da nova gestão?
Vamos fazer a maior luta da história do Rio Grande do Sul pela implementação da lei do piso nacional. Piso é lei, e o governo tem que ser cumpridor da lei. Não tem trégua para o governo.
Há possibilidade de greve?
A direção está autorizada a chamar o conselho geral, que marcará uma assembleia para debater a greve pela implementação do piso nacional. Defendemos o piso de R$ 1.597 para 40 horas, mas o governo Dilma (Rousseff) fez cálculo de R$ 1.187. Nossa luta é implementar o piso, depois vamos brigar pelo valor.
Será mantida a posição contrária a provas que avaliam desempenho de alunos e escolas?
Somos contra a meritocracia. Não consideramos políticas educacionais criar mecanismos de aferição de alunos e professores. É a falsa política, não resolve o problema na educação. O que resolve é investimento na escola pública, é valorização profissional, é respeitar a política de trabalhadores.
Como o aluno deve ser avaliado?
Os professores avaliam seus alunos todos os meses, todos os bimestres, todos os anos. Nossa avaliação é a partir de uma relação próxima professor-aluno.
E o professor não pode ser avaliado?
Fizemos um concurso público, nos formamos. Sabe o que governo quer? Quer jogar sobre os ombros dos professores e funcionários as mazelas da educação. Quer dizer que o salário baixo é merecido.
O desempenho do Estado tem caído no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). Como o Cpers pode mudar essa realidade?
Lutando por investimentos na escola pública, lutando para que os trabalhadores recebam o piso nacional.
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"Não tem trégua para o governo", avisa Rejane de Oliveira, presidente reeleita do Cpers-Sindicato - Instituto Humanitas Unisinos - IHU