O ritmo de derrubada da
Caatinga no País apresentou uma leve queda entre 2008-2009, mas a destruição desse bioma ainda é considerada bastante expressiva pelo Ministério do Meio Ambiente.
A reportagem é de
Lígia Formenti e publicada pelo jornal
O Estado de S. Paulo, 18-06-2011.
Dados divulgados ontem pela pasta mostram que houve o desmatamento de 1.921 quilômetros quadrados de vegetação, o que representa 0,23% de todo o bioma. O primeiro período analisado pelo governo, entre 2002 e 2008, acusava uma média anual de derrubada equivalente a 0,28% da vegetação.
Ao longo dos anos, a atividade levou à destruição de 45% de toda a
Caatinga, que originalmente apresentava uma área de 826.411 quilômetros quadrados.
"A situação é um pouco melhor que a apresentada no
Cerrado ou na
Amazônia. Mesmo assim, os números são preocupantes", admitiu a ministra do Meio Ambiente,
Izabella Teixeira. "É importante mantermos ações de sustentabilidade e de recuperação desse bioma, que é único no mundo e estratégico para vários Estados do País", completou a titular da pasta.
Pelos números divulgados ontem, Estados que apresentaram os maiores índices de desmatamento foram a Bahia, com derrubada de 638 quilômetros quadrados de vegetação, seguido pelo Ceará, com 440 quilômetros quadrados desmatados, e pelo Piauí, onde foi destruída a vegetação em uma área de 408 quilômetros quadrados.
O coordenador do grupo bioma Caatinga da Secretaria de Biodiversidade e Floresta,
João Arthur Seyffarth, contou ao Estado que, ao contrário do que ocorre em outros sistemas, a derrubada da Caatinga ocorre de forma pulverizada, o que dificulta a fiscalização e exige a adoção de um pacote de medidas preventivas mais variado.
A maior pressão contra o bioma é exercida pelo uso da madeira como matriz energética. A estimativa é de que 33% da madeira seja usada em siderúrgicas. "Daí a importância de promover o manejo e auxiliar também as comunidades no uso de fogões domésticos que exijam menos lenha", completou
Seyffarth.
O ministério trabalha há quase um ano na edição de um Plano de Controle de Desmatamento da Caatinga. A expectativa é de que uma portaria seja publicada nos próximos dias, estabelecendo o prazo de 120 dias para conclusão do documento.
Entre medidas previstas estão o ordenamento fundiário, a criação de unidades de conservação e da previsão de recursos para serem investidos em programas de atividade sustentável.
Outra meta, de acordo com
Seyffarth, é atualizar os dados de desmatamento. "Essa é uma atividade recente. Havia todo um histórico que precisava ser documentado. A expectativa é de que, dentro de mais algum tempo, os dados mais recentes sejam divulgados."
Código Florestal
A ministra mais uma vez afirmou estar confiante e aberta ao diálogo com integrantes do Senado para discutir um novo texto para o
Código Florestal.
Até o fim do mês, ela deverá participar de uma audiência pública para discutir pontos considerados estratégicos. "Precisamos de um Código sólido, com segurança jurídica, mas que também esteja atento a questões de sustentabilidade."
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Desmate da Caatinga cai, mas segue alto - Instituto Humanitas Unisinos - IHU