19 Abril 2011
Bento XVI deveria ver Habemus Papam, o filme "genial" de Nanni Moretti sobre um papa confrontado à depressão, após ter sido eleito, estima Marco Politi, vaticanista do jornal italiano Il Fatto.
A entrevista é da AFP, 14-04-2011.
Eis a entrevista.
Qual é sua opinião sobre o filme de Nanni Moretti?
É um filme genial. É uma pesquisa sobre o sentido do poder, da solidão, sobre a necessidade de afeição. Um grande filme com um Michel Piccoli soberbo. O sedutor, que conhecíamos durante tantas décadas, está irreconhecível; mas deixa entrever sua capacidade de interpretar, o trabalho de ator e a sede de vida que marcaram Michel Piccoli, tanto como sedutor quanto, agora, como papa.
Quais são os elementos interessantes do filme sobre a Igreja contemporânea?
Acho interessante que o elemento feminino apareça de forma recorrente no filme. Ao mesmo tempo, Moretti se faz intérprete de uma busca da sociedade que pede uma Igreja capaz de amor e de compreensão e que esteja em contato com todos. Por causa disso, então, acho que o secretário do papa deveria levar para ele o videocassete e fazê-lo ver, porque é estimulante.
Como o filme será acolhido no Vaticano segundo o senhor?
Este filme exprime um grande respeito pela Igreja. Diria mesmo que, no fundo, é fruto dos 27 anos de pontificado de João Paulo II, que conseguiu tornar de novo a Igreja interessante para milhões de pessoas, inclusive para os não crentes. "Interessante" significa também poder discutir, debater. A Igreja não ficou mais à margem, mas foi levada ao centro da cena.
Por sua vez, Bento XVI, que é tão diferente de João Paulo II, alimenta interrogações sobre o que deve ser a Igreja no mundo contemporâneo. Acho que Moretti, enquanto artista, teve a intuição de fazer compreender a qual ponto a responsabilidade de um papa é grande, assim como o peso de um pontificado para os ombros de um único homem.
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Vaticanista sugere a Bento XVI assistir ao filme "Habemus Papam’ - Instituto Humanitas Unisinos - IHU