17 Abril 2011
O arcebispo emérito de Santiago, no Chile, Francisco Javier Errázuriz, pediu perdão neste domingo, pela primeira vez, às vítimas de abuso sexual do sacerdote Fernando Karadima, "pelo sofrimento que lhes causei sem querer".
A reportagem é da agência Efe, 17-04-2011. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
"Pensei que, em nome da Igreja, os que tinham que pedir perdão eram o presidente da Conferência Episcopal, ou o arcebispo de Santiago ou toda a assembleia da Conferência Episcopal, e o fizeram, e a isso me somo com toda a alma", defendeu Errázuriz em declarações ao jornal El Mercurio.
A meados de fevereiro, o Vaticano declarou o sacerdote chileno Fernando Karadima, de 81 anos, e formador de cinco bispos, culpado de abusos sexuais.
A Congregação para a Doutrina da Fé concluiu, após uma investigação, que o religioso era culpado de abuso sexual contra pelo menos um menor e outros fiéis de uma paróquia de Santiago na qual ele exerceu seu ministério e, dada a sua idade, ordenou-o a "retirar-se a uma vida de oração e penitência".
Além disso, impôs-lhe a proibição perpétua do exercício de qualquer ato de ministério, em particular da confissão e da direção espiritual de qualquer pessoa.
Errázuriz disse neste domingo que "o sofrimento deles me estremeceu. É muito doloroso vê-los falar desses assuntos ou ler seus testemunhos. Pelo sofrimento que lhes causei sem querer, eu, de verdade, lhes peço perdão", afirmou.
Na entrevista, o religioso reconhece que, há muito tempo, estava convencido da culpabilidade do padre Karadima e da verdade dos que deram seu testemunho, mas ele esperava estar certo de que as acusações eram verdadeiras.
"Acredito que era um dever meu e era um dever pelo direito canônico. E, nesse sentido, eu não podia pedir perdão por cumprir esse dever", explicou.
Errázuriz defendeu o bispo Andrés Arteaga, que lhe aconselhou a suspender a investigação do sacerdote Karadima em 2005. "Ele não agiu de forma a encobrir os fatos", enfatizou.
"Acredito que ele quis ser transparente. Eu não acredito que os bispos tenham querido me enganar de forma alguma", acrescentou o cardeal emérito.
"Eu acredito que ele não quis falar mal de ninguém, nunca. E menos ainda fazer lenha da árvore caída. Não acredito que ele tenha se proposto a não me dizer algo que pudesse saber", sentenciou.
Neste sábado, o presidente da Conferência Episcopal, Ricardo Ezzati, afirmou que o cardeal Javier Errázuriz se mostrou disposto a depor na investigação que a ministra em visita (juíza especial) Jessica González realiza contra o sacerdote Fernando Karadima.
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Cardeal Errázuriz pede perdão a vítimas do sacerdote Karadima - Instituto Humanitas Unisinos - IHU