07 Setembro 2012
Depois da paridade entre as raças e entre os sexos, a paridade entre as espécies é a meta ética do Terceiro Milênio. Assim pensa o movimento animalista, ao qual o próprio papa, dedicando o ano passado à questão ecológica a mensagem para o Dia Mundial da Paz, parece olhar.
A reportagem é de Silvia Ronchey, publicada no jornal La Stampa, 05-09-2012. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Se a igualdade de direitos entre a espécie humana e a animal já havia sido defendida pelo paganismo grego, a tradição judaico-cristã também sempre se perguntou, com o Eclesiastes: "Quem pode saber se o sopro vital do homem sobe para o alto, e o do animal desce para baixo da terra?" (Eclesiastes 3, 21), como lembra Enzo Bianchi na esplêndida e profunda conferência introdutória do XX Congresso Ecumênico Internacional de Espiritualidade Ortodoxa, que iniciou na manhã dessa quinta-feira, 6, em Bose, na Itália.
É verdade que o antropocentrismo cristão, por milênios, considerou os animais ao serviço do ser humano, aliando-se nisso com o judaísmo ("Todo animal que vive e se move servirá de alimento para vocês", Gênesis 9, 3; "Dominem os peixes do mar, as aves do céu", Gênesis 1, 28, dos quais Bianchi propõe, além disso, uma nova leitura).
Mas cada vez mais frequentemente, no século XIX, o cristianismo pós-conciliar equiparou o ser humano ao resto dos seres vivos. Se a Igreja Ortodoxa está na vanguarda da luta contra os "pecados contra a natureza", no mundo católico floresceu mais do que um mea culpa pelo "pecado do antropocentrismo". Mas não é uma questão de desculpas ou arrependimentos.
O pleno interconfessional de estudiosos reunidos em Bose mostrará que a ideia de uma redenção cósmica – não só para os seres humanos, mas também para os animais, as plantas e até para os minerais – indicada em Paulo (" A própria criação espera ser liberta da escravidão da corrupção material", Romanos 8, 19-22) se perpetua em uma longa tradição mística, antecipando o que Bianchi chama, em oposição ao "panteísmo" pagão, de "panenteísmo" cristão.
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Bose: o ser humano é cuidador da criação - Instituto Humanitas Unisinos - IHU