Desmond Tutu contra Tony Blair: o arcebispo sul-africano prêmio Nobel da Paz se retirou de uma conferência na África do Sul para não dividir o palco com o ex-chefe de Downing Street.

A nota é de Giacomo Galeazzi, publicada em seu blog Oltretevere, 28-08-2012. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

O apoio de Blair à guerra no Iraque foi "moralmente indefensável", disse Tutu, que deveria falar com o ex-primeiro-ministro britânico e o enxadrista e ativista russo Garry Kasparov no Discovery Invest Leadership Summit de Joanesburgo.

"A cúpula tem como tema a liderança. Moralidade e liderança são indivisíveis", disse o arcebispo, explicando por que ele decidiu não compartilhar o palco com Blair que, em 2003, decidiu apoiar a invasão norte-americano ao Iraque "com base em acusações não documentadas sobre a existência de armas de destruição em massa".

O nome do arcebispo, prêmio Nobel pelas suas campanhas contra o apartheid e que foi o primeiro arcebispo anglicano negro da Cidade do Cabo, já foi removido do site da conferência. Não foi uma escolha fácil, comentou um porta-voz do prêmio Nobel: Tutu tomou essa decisão depois de ter "passado muitas horas rezando de joelhos".

A visita a Joanesburgo já foi marcada por contestações contra Tony Blair: o partido islâmico Al Jama-ah ameaçou prendê-lo na aterrissagem, acusando-o de "crimes contra a humanidade". O Al Jama-ah está planejando um protesto do lado de fora do Centro de Convenções Sandton na quinta-feira, quando Blair deverá falar.

Também há um site, arrestblair.org, que colocou uma recompensa se alguém conseguir fazer uma citizen's arrest [prisão civil] do ex-primeiro-ministro. Um porta-voz de Blair lamentou a decisão de Tutu de abandonar um evento "combinado há meses". Quanto ao Iraque, Blair e o arcebispo "sempre estiveram em desacordo sobre a oportunidade do uso da força para caçar Saddam Hussein: esses desacordos – disse o porta-voz do ex-primeiro-ministro – fazem parte de uma democracia saudável".