Talibãs proíbem vacinação de crianças no Paquistão, acusa Unicef

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18 Julho 2012

Como forma de exigir o fim dos ataques de aviões não-tripulados norte-americanos, grupos de talibãs obrigaram o governo paquistanês a suspender sua campanha de vacinação contra a poliomielite em crianças.

A informação é publicada pelo sítio Opera Mundi, 17-07-2012.

De acordo com fontes da Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) e da OMS (Organização Mundial da Saúde), milhares de crianças que vivem em vilarejos controlados pelo grupo terrorista na fronteira com o Afeganistão estão agora vulneráveis à doença.

Oficialmente, o programa foi apenas adiado para não colocar em perigo oficiais do governo e voluntários. A população local cogita organizar assembleias com o intuito de convencer os talibãs da necessidade de vacinação das crianças. Em entrevista a veículos locais, contudo, clérigos e lideranças das tribos já admitiram não serem fortes o suficiente para se opor a determinações do grupo terrorista.

Ainda em junho, o líder talibã Gul Bahadur proibiu esse tipo de vacinação na região de Waziristão do Norte. À época, ele confessou que não permitiria o prosseguimento da campanha de imunização caso os EUA não interrompessem seus ataques com drones (aviões não-tripulados). Isso porque os norte-americanos “são piores que a polio”, argumentou.

Em entrevista à agência France Presse na semana passada, o diretor geral de Saneamento para as zonas tribais do Paquistão já havia revelado que ao menos 160 mil crianças no Waziristão do Norte e outras 80 mil do Waziristão do Sul acabariam afetadas caso não recebessem a vacinação contra a poliomielite.

Unicef e OMS, ao lado da organização filantrópica Rotary Internacional, iniciaram seu programa de vacinação nesta segunda-feira (16/07) e planejavam imunizar 34 milhões de paquistaneses com menos de cinco anos em três dias. Na região montanhosa de Khyber, que conecta o Paquistão ao Afeganistão, o objetivo era atender pouco mais de 200 mil crianças. Contudo, autoridades locais reconheceram que conseguiram alcançar apenas as 111 mil crianças moradoras de comarcas onde o talibã não está presente.

No ano passado, o grupo alegou que campanhas de saneamento no país encobriam, na realidade, grandes operações de espionagem dos EUA. Para coibi-las, difundiram o boato de que as vacinas deixariam todos os homens impotentes. 

Ao lado de Afeganistão e Nigéria, o Paquistão é um dos últimos países que ainda não erradicaram a poliomielite. Desde 2009, a incidência da doença no país apenas cresce. Em 2011 foram 189 os casos registrados. De acordo com a OMS, 77% desses casos ocorreram em meio às populações tribais.