Por: Cesar Sanson | 27 Junho 2012
Nessa quinta-feira, o golpe de Estado militar aplicado em Honduras completa três anos marcados por violência, assassinatos e impunidade, mas também por organização e resistência por parte da sociedade civil. Para lembrar esta data e mostrar apoio à população hondurenha, centenas de movimentos, redes e coletivos mundo a fora estão preparando manifestações, marchas e atos pacíficos de solidariedade.
A reportagem é de Natasha Pitts e publicada pela Adital, 27-06-2012.
Em Honduras, a Frente Nacional de Resistência Popular (FNRP) está preparando mobilizações em todos os departamentos do país para protestar pelos três anos de golpe, mas também para comemorar o aniversário do nascimento da Resistência.
Na capital, Tegucigalpa, a mobilização começa na Universidade Pedagógica Nacional Francisco Morazán, de onde os participantes sairão para percorrer as ruas da cidade até chegar à Praça Morazán. O ato será marcado também pela solidariedade ao povo paraguaio e à sua luta para reconstituir a ordem democrática no país.
A manifestação de amanhã, segundo prometem os dirigentes da FNRP, será apenas uma mostra do que está sendo preparado para o lançamento da candidatura presidencial de Xiomara Castro de Zelaya, pelo Partido Liberdade e Refundação. O lançamento vai acontecer no próximo domingo (1º), na cidade de Santa Bárbara (noroeste do país). Xiomara é esposa do presidente deposto José Manuel Zelaya.
Mas não apenas em Honduras os três anos de golpe serão lembrados. A Rede de Solidariedade com Honduras (HSN, por sua sigla em inglês), formada por cerca de 30 organizações estadunidenses, está preparando ações em Boston, Nova York, Washington DC, Kansas, Chicago, Phoenix, Tucson, San Francisco e Los Ángeles. A intenção é homenagear aos mártires e aos/as integrantes dos movimentos que ainda se encontram em resistência e exigir aos EUA que acabe com a intervenção militar em Honduras e suspenda o apoio financeiro ao governo deste país.
Na Argentina, organizações e movimentos sociais, feministas, coletivos de direitos humanos e artistas estão preparando o ‘escrache aos governos golpistas de nossa América’. O primeiro momento do ato será amanhã às 12h em frente à Embaixada de Honduras (Av. Callao, nº 1564), onde Salvador Zúniga, do Conselho Cívico de Organizações Populares e Indígenas de Honduras (Copinh) dará uma aula pública. Também será lido um Apelo Feminista por Honduras e vários pronunciamentos de solidariedade.
Em seguida, os/as manifestantes partirão à Embaixada do Paraguai (Av. General Las Heras, nº 2545) para fazer um pronunciamento contra os golpes promovidos pelos Estados Unidos, as corporações transnacionais e as oligarquias locais.
Na Costa Rica, desde a semana passada começaram as atividades para lembrar o golpe militar. Uma iniciativa do Comitê de Apoio a Solicitantes de Refúgio levou à Assembleia Legislativa uma exposição com nomes e rostos de homens e mulheres assassinadas em Honduras, "vítimas do egoísmo e da militarização”. O objetivo foi chamar atenção aos crimes que continuam a acontecer no país.
Na Europa o golpe também será lembrado e repudiado. A Federação Internacional de Direitos Humanos (FIDH), Repórteres sem Fronteiras, a Associação França América Latina e o Coletivo Alerta Honduras estão convocando a uma manifestação às 18h de amanhã na Fonte Saint-Michel, em Paris, na França. A iniciativa tem como principal intuito pedir justiça para todas as vítimas do golpe de Estado militar e da repressão que se perpetua até hoje em Honduras.
Histórico
No dia 28 de junho de 2009, a população hondurenha foi surpreendida com um golpe de Estado militar quando o então presidente, José Manuel Zelaya, eleito democraticamente em 2005, foi retirado à força do país por militares. A partir daí, Honduras passou a ser liderada pelo governo golpista de Roberto Micheletti.
O golpe deu início a uma série de manifestações que foram respondidas de forma violenta. No período pós-golpe foram registradas incontáveis violações aos direitos humanos como assassinatos, estupros, perseguições e desaparecimentos forçados, casos que até hoje continuam na impunidade. Diante deste cenário, a população reivindicava a volta de Zelaya, mas o governo de fato conseguiu convocar eleições, que levaram ao poder Porfírio Lobo, o atual presidente hondurenho.
Três anos já se passaram, mas a repressão e suas marcas continuam. Desde o golpe, centenas de ativistas políticos e sociais foram assassinados. Entre eles estão pelo menos 70 membros da comunidade LGBTI, mais de 50 campesinos, 24 jornalistas e mais de 130 membros da resistência, entre sindicalistas, indígenas, integrantes do Partido Libre, professores, advogados, entre outros.
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Organizações preparam atos para lembrar os três anos do golpe em Honduras - Instituto Humanitas Unisinos - IHU