19 Junho 2012
"Este não é um pequeno episódio, mas sim um extermínio sistemático. Se morre um ser humano, morre o mundo. Mas aqui quantos homens, mulheres e crianças estão perdendo a vida?".
A reportagem é de Marco Ansaldo, publicada no jornal Corriere della Sera, 18-06-2012. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
De Nápoles, onde, como fundador da Comunidade de Santo Egídio, ele organizou junto com a arquidiocese um congresso sobre os amigos dos pobres, Andrea Riccardi acompanhou com apreensão as notícias provenientes da Nigéria. A África é um continente ao qual o ministro italiano para a Cooperação Internacional e para Integração presta uma atenção particular.
"Porque esse é um país complexo. Um grande Líbano de convivências entre cristãos e muçulmanos com uma fragmentação forte, não resolvida pelo federalismo. Um país rico em petróleo, mas também de grandes pobrezas. Onde o movimento fundamentalista islâmico de Boko Haram quer fazer a limpeza".
"Porque são cristãos. Porque atingi-los gera notícia no mundo. E porque os muçulmanos querem a hegemonia em uma jihad anticristã. Uma situação explosiva".
Eis a entrevista.
E todos os domingos as igrejas passam a ser alvo.
Os cristãos se tornam uma presa fácil. Ao bispo de Jos os seus fiéis dizem: "Não devemos nos armar". Mas hoje me chamou atenção o fato de que, por parte dos cristãos, houve uma resposta.
Os atentados desencadearam represálias contra os muçulmanos, linchados e mortos no local.
As represálias devem ser sempre condenadas. É claro que existe o direito de uma legítima defesa, e ninguém pode pedir que os cristãos sejam martirizados. Mas os Boko Haram quer provocar uma frente anticristã que hegemonize os muçulmanos nigerianos locais. O que a Al Qaeda fazia em uma escala maior. Esses cristãos aparecem como vítimas-cordeiro: as crianças mortas, no momento mais sagrado da função religiosa. Enfim, uma situação que corre o risco de dividir a Nigéria. Essa é a estratégia perversa dos Boko Haram: atingir os cristãos e provocar uma guerra civil. Além disso, no Mali do Norte, constituiu-se um Estado islâmico. Depois, também foram atingidos locais muçulmanos e as escolas. É evidente que a Nigéria não consegue fazer com que a ordem seja respeitada e proteger as minorias.
O padre Federico Lombardi fala de ataque "inaceitável". A Santa Sé pode agir de algum modo?
Eu acredito que a Santa Sé não tem os instrumentos operacionais para fazer isso. Mas ela convoca, como é justo fazer, a comunidade internacional e a Nigéria a assumirem suas responsabilidades.
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Nigéria: ''Um extermínio sistemático. A estratégia é provocar uma guerra civil'' - Instituto Humanitas Unisinos - IHU