14 Junho 2012
A necessidade da audiência com o Ministro Gilberto Carvalho nasceu da realização da Audiência Pública sobre as violações dos Direitos Humanos aos trabalhadores das usinas do Madeira, patrocinado pela Comissão Pastoral da Terra de Rondônia (CPT), no dia 30 de março de 2012, lembra o arcebispo.
Dom Esmeraldo Barreto de Farias, ao responder como o ministro Gilberto Carvalho reagiu diante dos seus relatos sobre a situação trabalhista de Jirau e Santo Antônio, afirma, em entrevista concedida por e-mail à IHU On-Line, que o ministro reagiu desejando conhecer mais de perto a situação, “pois ele sabe que está em jogo não somente um investimento de milhões e milhões, mas milhares de vidas humanas, de pais de famílias, em sua grande maioria, que se deslocam de várias regiões do Brasil e tanto se sacrificam para ganharem o pão de cada dia para o sustento de suas famílias. Ele fez várias perguntas dando a entender sua preocupação”, frisa.
Segundo ele, a Carta de Porto Velho, que entregou ao ministro, coloca fatos bem concretos, a partir das constatações feitas pelo Ministério Publico do Trabalho com as denúncias dos trabalhadores, as visitas feitas in loco, participação em reuniões e assembleias. “Na carta, encontramos também observações bem fundadas e propostas diante da situação que tem gerado preocupação, medo e sofrimento. A carta levanta a grande questão a respeito do modo como é feito o contrato entre o Governo Federal e a empresa que vence a concorrência: de quem é a responsabilidade para que os direitos trabalhistas dos trabalhadores contratados para serviços nos empreendimentos sejam respeitados e garantidos? Na situação das Usinas Hidrelétrica do Madeira, quantos são os trabalhadores contratados pelo consórcio que venceu a concorrência? Na verdade, não deve corresponder a um por centro do total.”
E continua: “como cheguei a Porto Velho no início de março deste ano, de fato não acompanhei mais de perto todo o processo. Creio que precisamos reunir mais pessoas para que se possa refletir com toda profundidade sobre estes assuntos e descobrir meios que possam sensibilizar ainda mais a opinião pública, pois são assuntos de muita importância.” Para o arcebispo, “não podemos desistir de acompanhar o que está acontecendo na vida do povo, refletir, analisar, denunciar o que prejudica a vida das pessoas, especialmente dos pobres e de propor o que, a partir desse acompanhamento, vamos vendo, escutando, sentindo e percebendo como luz de Deus. A vida precisa estar em primeiro lugar e não o afã do lucro cabeça de um modelo de desenvolvimento que não respeita a vida humana e o meio ambiente. Mesmo se não conseguimos muitos avanços, só não poderão nos acusar de omissão”.
Dom Esmeraldo Barreto de Farias (foto) é o arcebispo de Porto Velho, Rondônia. Ao ser nomeado arcebispo de Porto Velho, era bispo de Santarém, Pará. Também foi bispo de Paulo Afonso, na Bahia.
Confira a entrevista do dia 14/06/2012 nesta página
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Leia-o e deixe que ele ecoe em você.
Levanta-te, Javé! Ergue a tua mão! Não te esqueças dos pobres!
Por que o injusto desprezaria a Deus, pensando que não investigas?
Mas tu vês a fadiga e o sofrimento, e observas para tomá-los na mão: a ti se abandona o indefeso, para o órfão tu és um socorro.
(Sl 10, 12-14)
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A violação dos direitos humanos nas obras das Usinas de Jirau e Santo Antônio. Entrevista especial com Dom Esmeraldo Barreto de Farias - Instituto Humanitas Unisinos - IHU