Por: Jonas | 27 Abril 2012
Pensar a relação entre religião e política na América Latina, nos anos de 1960, implica entender que esta relação está baseada tanto em conflitos como em convergências, tanto em legitimidades como em oposições, tanto em lutas como em aproximações. Longe de se tratar de uma questão “epocal” poderíamos sustentar que: “Uma visão, a longo prazo, nos mostra que na experiência histórica particular da América Latina [...] o ‘político’ e o ‘religioso’ – para além dos esforços de se racionalizar, controlar e rotinizar esses dois espaços – aparecem como ‘modalidades de ação’ onde se sobrepõem crer, sonhar, criar promessas de futuro e, sobretudo, dar sentido” (1). É inegável que parte dessa utopia socialista recebeu uma grande influência do cristianismo. Além disso, como sustenta Michael Löwy, o papel do fator religioso é determinante na hora de compreender o contexto de efervescência coletiva (2) e o fenômeno das guerrilhas na América Latina (3).
A entrevista (10-2011) é de Paulo Margaria, publicada no sítio Nuevo Mundo – Mundos Nuevos, 29-03-2012. A tradução é do Cepat.
Com o objetivo de refletir sobre a experiência brasileira, desta época, é que frei Betto (4) menciona, nesta entrevista, sua militância, a relação entre religião e política, o diálogo entre marxismo e cristianismo, e a luta armada como opção de luta política, fornecendo-nos algumas ferramentas para a compreensão da complexa relação entre religião e política.
Eis a entrevista.
Vamos começar falando de sua militância, na Ação Católica, como o início de sua militância na religião e na política. Você participava de um grupo em específico?
Comecei em 1959, na Ação Católica, que estava dividida em vários movimentos de acordo com a área de interesse, por exemplo, o A, E, I, O, U, a JAC, JEC, JIC, JOC e JUC. A JAC era a Juventude Agrária Católica, a JUC era a Juventude Universitária Católica, a JEC era a Juventude Estudantil Católica, formada por jovens secundários, da qual eu pertencia. Nesse momento, eu vivia em Belo Horizonte e Helder Câmara (5) foi um grande incentivador da Ação Católica no Brasil, ele era bispo auxiliar do Rio de Janeiro.
Eu comecei no ano de 1959, e em 1962 fui eleito para integrar a equipe de coordenação nacional da JEC, em todo o Brasil. Fui viver no Rio de Janeiro e, durante três anos, morei junto com a equipe de coordenação nacional da JUC. Os dominicanos de Belo Horizonte, que assessoravam a JEC, tinham uma cabeça aberta, progressista. Embora ainda não se falasse da Teologia da Libertação, já existia uma grande influência do padre Lebret (6), dos padres operários, que começavam a atuar na França, de Maritain, Mounier e de vários dominicanos do Brasil, que haviam estudado na França, que absorveram um cristianismo mais aberto e progressista. Então, na JEC e na JUC, nós já tínhamos uma visão muito progressista, de vincular a atuação política com a fé cristã, de evangelizar e conscientizar as pessoas para mudar o mundo e a sociedade. Desta mística, derivou a fundação de uma organização de esquerda que se chamava “Ação Popular”, que no início tinha uma implícita tonalidade cristã, porém, após o golpe militar de 1964, tomou um caminho marxista-leninista e, inclusive, dividiu-se, pois um setor abraçou o maoismo.
Em abril de 1964 houve o golpe militar e, em junho, pela primeira vez fui para a prisão, porque as duas equipes das coordenações nacionais, da JEC e da JUC, foram presas por 15 dias. No ano seguinte, posterior à experiência da prisão, ingressei nos dominicanos. Em Belo Horizonte, eu passei um ano de noviciado e, em 1966, vim para São Paulo. Aqui, envolvi-me com Marighella (7), com a Ação Libertadora Nacional.
Como conheceu Marighella? Em que circunstâncias?
Vários estudantes dominicanos, inclusive eu, estudavam na Universidade de São Paulo, e havia ali um movimento estudantil muito ardente, muito forte, de esquerda... Nos anos de 1960, houve uma divisão do Partido Comunista Brasileiro, porque o partido não queria entrar na luta armada e, então, Marighella rompeu e criou seu próprio grupo. Um estudante, que também estava nesse grupo, se aproximou de frei Osvaldo (8) - que hoje vive em Belo Horizonte – e lhe disse que um senhor, líder de seu grupo, queria contatar os dominicanos e, então, Marighella veio a nosso convento. Isso está muito bem descrito em “Batismo de Sangue” (9). Marighella apresentou-se com outro nome, “o professor Menezes”. Em seguido, ao final, quando nos apresentou sua literatura, nós não tivemos dúvidas de que era o próprio Marighella e, então, começamos a formar um grupo dominicano de apoio. Este foi o processo de aproximação e envolvimento com a luta armada.
O diálogo entre marxismo e cristianismo, que foi uma característica dos anos 1960 e inclusive de antes, foi bastante interessante e denso em termos filosóficos, teóricos e práticos. Como você viveu esse processo, essa tensão entre sua opção religiosa e sua opção política, em apoio à luta armada?
No Brasil ocorreu um fenômeno diferente do que aconteceu na Argentina e no Chile, porque nestes países muitos padres, quando descobriram a opção pelos pobres e o marxismo, saíram da Igreja. Aconteceu uma divisão entre padres e bispos, que eu trataria como um corte horizontal. Aqui, no Brasil, esse corte poderia ser considerado vertical, pois, existiam cardeais de direita e cardeais de esquerda, por isso, aqui, nunca foram criadas as organizações Sacerdotes para o Terceiro Mundo ou Sacerdotes para o Socialismo. No Brasil, isso não aconteceu. As pessoas, que vinham de fora, ficavam admiradas pela forma como nós, de esquerda e na luta armada, continuávamos na Igreja. Não precisamos sair do espaço eclesiástico para lutar, porque dentro de nosso próprio espaço existia apoio à luta. O nosso superior apoiava nossa luta, sabia que nós estávamos envolvidos na luta armada.
Então, a partir de 1960, começou o diálogo entre cristianismo e marxismo. Eu mesmo, no ano de 1961, era vice-presidente da entidade estudantil de Belo Horizonte, e havíamos conseguido ganhar as eleições numa aliança com os comunistas, contra a direita. Então, as pessoas da Ação Católica tinham um perfil de esquerda progressista e isso nos aproximava mais dos comunistas do que da direita reacionária. Daí, começamos a estudar muito o marxismo, mas, desde o início, desenvolvendo uma visão muito clara, com a ideia chave de que a fé não é uma ideologia e o marxismo não é uma fé. Isso que não foi chave em outras partes, criando uma enorme confusão, pois as pessoas acreditavam que abraçar o marxismo era abandonar a fé, não se podia ter fé e adotar o marxismo.
Para nós, o marxismo era um método de análise, não um dogma, não um catálogo de crenças. Na prisão, por exemplo, nós, os dominicanos, dávamos aulas de marxismo aos comunistas porque, curiosamente, o melhor manual de marxismo que havia neste momento era de um padre jesuíta francês, chamado Jean-Yves Calvez, que escreveu dois tomos sobre o marxismo (10): no primeiro, apresenta o marxismo e no segundo critica o marxismo. O primeiro tomo é uma perfeita apresentação do marxismo, com uma linguagem muito acessível e muito fiel ao que é o pensamento de Marx e, então, nós utilizávamos esse livro para dar aulas de marxismo aos marxistas. Portanto, eu diria que o diálogo cristianismo-marxismo se deu na prática, porque não pode haver diálogo entre cristãos e marxistas, como não pode haver diálogo entre cristãos e mulçumanos, se não houver uma prática comum. Qualquer outro diálogo fora da prática é uma discussão bizantina, sem sentido.
Em certa medida, essa questão dogmática, que você se refere, foi não haver entendido o marxismo de maneira mais aberta e como um projeto ou método de análise. Acredito que é uma das razões da “derrota” das esquerdas, na América Latina, nos anos de 1960 e 1970. Quais as conclusões que você tira dessas experiências?
Naquele momento, eu acredito que a luta armada foi justificada. Em nenhum momento afirmei ou escrevi que tenha sido um equívoco, não. Foi a única possibilidade de luta que havia naquele determinado momento, em fins de 1960 e início dos anos 1970. No entanto, avaliamos mal o inimigo, subestimamos o inimigo, e foi a partir daí que fomos descobrindo outras formas de luta, sobretudo porque naquele momento nossa forma de lutar era uma forma muito elitista, pois não tínhamos base popular. Éramos vanguarda de uma retaguarda que não existia, a não ser em nossa imaginação. Eu sempre afirmo o seguinte: tínhamos ideologia, tínhamos coragem – muita gente deu a sua vida -, tínhamos dinheiro das expropriações bancárias, tínhamos dedicação, porém não tínhamos um detalhe. Só que esse detalhe era os 90% de tudo, que era o apoio do povo e, por isso, fomos todos derrotados.
Porém, depois começamos a construir outros canais como o Partido dos Trabalhadores, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, a Central de Movimentos Populares e tudo isso; e começamos a fazer trabalho popular a partir das Comunidades Eclesiais de Base, dos movimentos populares sindicais. Aí, sim, construímos uma força política que levou Lula e Dilma à presidência da República e trouxe algumas mudanças não estruturais, mas significativas na história política do Brasil.
Nesse sentido, a Igreja no Brasil, nos anos de 1970, transforma-se num guarda-chuva que permite desenvolver a luta política?
Exatamente. No Brasil, no início, a Igreja apoiou o golpe militar, mas depois, quando a ditadura começa a perseguir a Igreja, ela assume uma defesa corporativa de seu corpo eclesiástico e vai se distanciando da ditadura e tornando-se cada vez mais crítica. O próprio Vaticano, com o papa Paulo VI, passa a ser crítico. Passa a ter uma atitude muito crítica e a apoiar a nós que lutávamos contra a ditadura, inclusive, quando estávamos na prisão, manifestou-nos apoio por escrito e nos deu um rosário de presente. É claro, realmente é um processo em que a Igreja se torna um guarda-chuva para todos aqueles que lutavam pelos direitos humanos e contra a ditadura, que não tinha nenhum respeito pelos direitos.
Tem uma frase no seu livro “Cartas da prisão” que me chamou muito a atenção. Numa das cartas, você se questiona: santo ou terrorista? Em certa medida, a tensão entre religião e política implica limites difusos e, nesse sentido, o julgamento legal que lhe fazem está baseado em encíclicas. Que sentido tinha esse questionamento?
Para nós, era muito claro que não havia possibilidade de separar religião e política. O arcebispo da África do Sul, Desmond Tutu (11), disse que “não há nada mais político que afirmar que a religião não tem nada a ver com a política”. Não existe religião ou Igreja politicamente neutra, existe Igreja que está muito satisfeita com o sistema, como no caso da Argentina e dos bispos que apoiaram a ditadura. Ou você apoia ou faz oposição, não existe um termo médio. Existe um discurso que tenta justificar a separação, este é um primeiro dado.
Em relação a um segundo dado, eu sempre afirmo que nós, os cristãos, somos discípulos de um prisioneiro político: Jesus não morreu por uma enfermidade na cama, nem por um acidente com um camelo, numa esquina de Jerusalém, morreu como muitos companheiros na Argentina e Brasil. Ele foi encarcerado, torturado, levado a julgamento e condenado a pena de morte na cruz. Então, dizer que Jesus não se meteu na política é uma ingenuidade, sobretudo, porque naquele momento a divisão cartesiana entre religião e política, que existe hoje, não existia; quem tinha poder religioso, tinha poder político, quem tinha poder político, tinha poder religioso. Pois bem, é necessário saber compreender que a religião é uma dimensão diferente da esfera política, são dimensões complementares em nossa vida e na vida social, mas, eu não vou a uma missa para receber o programa de um partido político, como também não vou a uma reunião política para dizer “vamos fazer agora uma oração”. É preciso fazer as modernas diferenciações, mas também é necessário ter a consciência de que não pode existir neutralidade. A religião sempre tem, implicitamente, uma clara posição política: a de legitimação do sistema de injustiça e opressão capitalista ou a de acusação, denúncia e não aceitação desta legitimação.
Sua experiência na prisão fez com que você se aproximasse muito mais da experiência religiosa...
Sim, muito mais. Porque a prisão é uma experiência de catacumba, como no caso dos mártires. Numa prisão, alguém se torna louco ou tem que mudar muitas coisas de sua vida. Para mim, a prisão foi um grande retiro espiritual, um momento de aprofundar bastante a minha vida de fé e a minha experiência religiosa. Neste sentido, foi uma escola e eu não lamento ter passado pela prisão, apesar de todo o sofrimento, é uma coisa que está muito incorporada em minha vida, não foi um hiato.
Como foi a experiência de convergência, nos anos 1970, dos grupos que se aproximaram da Igreja como uma maneira de seguir a militância política, na medida em que a ditadura suspendeu os direitos políticos?
Foi uma experiência muito rica, porque o ponto de encontro não era a fé, mas a luta contra a ditadura, pela democracia e pelos direitos humanos. Todos os grupos de esquerda, marxistas, que estavam nesta linha, se aproximaram da Igreja, porque, como você disse, a Igreja funcionou como guarda-chuva. Muitas pessoas, que nunca professaram a fé cristã, que nunca se aproximaram da Igreja, participaram ativamente, inclusive na Comissão Justiça e Paz, da Arquidiocese de São Paulo. Dom Paulo Evaristo Arns (12) abraçava a todas essas pessoas, sem pedir nenhuma certidão de batismo, nem nada. E aí foram sendo criadas muitas ferramentas de luta, a Comissão é uma delas, mas também surgiu o Clamor, que foi um grupo que também investigou a desaparecimento de crianças, durante a ditadura na Argentina e apoiou a elaboração do “Brasil Nunca Mais”, um trabalho clandestino, e havia muito receio por isso, e que foi um livro muito impactante, pois não se baseou em notícias de jornais, mas todos os seus dados foram retirados de documentos oficiais e da justiça militar. Enfim, foram apoiadas, também, muitas iniciativas relacionadas com a luta.
Por que o estado brasileiro nunca investigou os crimes da ditadura?
Porque ainda tem medo dos militares. Os militares são uma instituição muito forte e ainda não houve nenhum grupo político com a coragem de enfrentá-los. No entanto, houve pressão e, recentemente, está se formando uma Comissão da Verdade, que deveria ser da Verdade e da Justiça, porém não será feito Justiça porque foi criada, no Brasil, uma anistia esdrúxula, pois não se pode anistiar alguém que não foi acusado, nem julgado. Anistiar significa que você cometeu algo, que a lei reconhece como crime, e que, então, será anistiado. Porém, estas pessoas nunca foram acusadas, nem julgadas. Elas foram anistiadas, mas como uma operação jurídica. Existem pessoas da esquerda que apoiaram a anistia e isso é respeitável. Não há pressão suficiente para levar os militares a julgamento.
Por último, em geral, as ditaduras no Cone Sul tiveram o efeito de – em certa medida – romper o laço social e com isto, também, a possibilidade de assumir responsabilidades, de poder realizar um duelo. Como lutarmos para criar uma memória sobre este trauma? E, como prosseguir com a luta, numa perspectiva de esquerda, para que não se esqueça nunca mais, mas também para que não aconteça mais?
Bom, duas coisas. Primeiro, existe muitos trabalhos no Brasil para manter viva esta memória, por exemplo, a novela “Amor e Revolução” (13), que é muito dura com os militares. Existem, também, muitas peças de teatro e filmes sobre esta época, então acredito que existe um esforço para manter viva esta memória. Segundo, a reconstrução do laço também depende das pessoas, existem pessoas que não querem falar deste passado, outras que vivem deste passado e existem pessoas que, como eu, que fiz todas as minhas memórias sobre este tempo, já colocaram um ponto final para este período, não tendo mais nada para dizer. Eu escrevi três livros: “Batismo de Sangue”, “Cartas da Prisão” e “Diário de Fernando”. Atualmente, cada um segue uma forma de lutar diferente, no meu caso sigo assessorando os movimentos sociais, tentando abrir espaços que fragilizem o sistema capitalista. Para mim, organizar a esperança é organizar as bases.
Notas
(1) Mallimaci, Fortunato, “Prólogo”, em Donatello, Luis. “Catolicismo e Montoneros: religión, política e desencanto”, 1ª ed. Bueno Aires: Manantial, 2010: p. 12.
(2) Concordamos com Donatello que este conceito, de raiz na teoria sociológica clássica, permite pensar com maior complexidade e precisão o processo de transformação dos anos de 1960 e 1970, do que conceitos como radicalização, ruptura ou revolução. Donatello, Luis, op. cit.: p. 48.
(3) Löwy, Michel. “Guerra de dioses. Religión y política en América Latina”, 1ª ed. em espanhol, México D. F.: Siglo XXI, 1999.
(4) O escritor frei Betto é religioso dominicano e um dos principais representantes da Teologia da Libertação. Foi preso político nos anos da ditadura militar no Brasil. É autor de mais de 50 livros de diversos gêneros literários, de assuntos políticos e religiosos que foram traduzidos e editados em mais de 20 países. Recebeu numerosos prêmios internacionais pelo seu trabalho intelectual e sua militância em favor dos direitos humanos. Foi coordenador da ANAMPOS (Articulação de Movimentos Populares e Sindicais), participou da fundação da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e da Central dos Movimentos Populares (CMP). Foi consultor e assessor da “Pastoral Operária do ABC” (São Paulo), e do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Em 2003 e 2004, foi assessor especial do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, e coordenador da Mobilização Social do Programa Fome Zero e sócio-fundador do Programa Educação para Todos.
(5) Helder Pessoa Câmara; (Fortaleza, 1909 – Recife, 1999) Sacerdote católico brasileiro cuja defesa da justiça social, assim como sua atitude de condenação das ditaduras latino-americanas, converteu-lhe em símbolo da chamada “Igreja dos pobres” e numa das figuras mais destacadas da Teologia da Libertação. Depois de ser nomeado arcebispo de Olinda e Recife, em 1964, e de ter ocorrido o golpe militar, que derrubou o presidente brasileiro João Goulart, ele foi uma voz crítica dentro da Igreja católica. Seu nome adquiriu reconhecimento internacional por sua defesa dos mais pobres e suas denúncias contra os atropelos da ditadura brasileira.
(6) Louis-Joseph Lebret, (Le Minihic-sur-Rance, Bretanha, 1897 – Paris, 1966), foi um dominicano francês, economista e religioso católico, criador do centro de pesquisas e ação “Economia e Humanismo”, em 1942.
(7) Carlos Marighella (1911-1969) nasceu em Salvador, Estado da Bahia. Foi membro do Partido Comunista Brasileiro (PCB). Depois de sua expulsão do Partido, devido a sua opção pela luta armada, fundou e foi o máximo dirigente da organização marxista “Ação Libertadora Nacional”, uma das principais organizações revolucionárias que optaram pela luta armada como forma de enfrentar a ditadura militar brasileira.
(8) Oswaldo Augusto Rezende Jr., religioso dominicano companheiro de frei Betto. Integrou o grupo de freis dominicanos que apoiaram a luta da organização “Ação Libertadora Nacional”.
(9) “Batismo de Sangue” é título do livro escrito por frei Betto, no qual relata sua experiência na prisão, descrevendo a participação dos freis dominicanos na resistência à ditadura, a morte de Carlos Marighella e as torturas sofridas pelo dominicano Tito de Alencar Lima (frei Tito).
(10) Refere-se à obra “La Pensée de Karl Marx", París, 1956. Publicado em espanhol com o título “El pensamiento de Karl Marx”, pela editora Taurus, Madri, 1966.
(11) Desmond Tutu foi o primeiro sul-africano negro a ser eleito e ordenado como arcebispo anglicano da Cidade de Cabo (África do Sul). Devido ao seu trabalho em defesa dos direitos humanos e de suas ações e pronunciamentos em favor da supressão do apartheid, foi reconhecido com o prêmio Nobel da Paz, em 1984.
(12) Dom Paulo Evaristo Arns, frei franciscano, nos anos 1970 foi designado como arcebispo metropolitano da arquidiocese de São Paulo, pelo papa Paulo VI. Durante a ditadura militar, destacou-se pela sua luta contra a tortura, pelo restabelecimento da democracia, orientando sua pastoral para os marginalizados, na formação de comunidades de base nos bairros, principalmente nos mais pobres, e na defesa dos direitos humanos. Apoiou a investigação e a elaboração do relatório: “Brasil Nunca Mais” e integrou o movimento “Tortura nunca Mais”.
(13) “Amor e Revolução” é a primeira novela brasileira que trata da ditadura militar (1964-1985), incluindo cenas sobre o funcionamento dos centros de detenção, durante o regime, e as torturas impostas aos militantes políticos. Foi colocada no ar, em abril de 2011, e produzida pelo canal SBT, um dos maiores em audiência. Esta novela, escrita por Thiago Santiago, gerou polêmica devido ao fato das Forças Militares do Brasil emitir um comunicado oficial solicitando a censura da sua transmissão.
FECHAR
Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:
A fé não é uma ideologia e o marxismo não é uma fé. Entrevista com frei Betto - Instituto Humanitas Unisinos - IHU