07 Janeiro 2012
Um estudo italiano publicado na revista Public Library of Science mostra que a separação entre os sexos existe. Realizado com uma amostra de 10 mil pessoas, o estudo descreve as características das suas personalidades. A maior discrepância refere-se à sensibilidade aos calor e às apreensões
A reportagem é de Elena Dusi, publicada no jornal La Repubblica, 05-01-2012. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Desde os tempos de Darwin, o debate nunca diminuiu. Homens e mulheres são submetidos a pressões evolutivas diferentes, e existe um abismo profundo separando os dois sexos, defendia o naturalista. Tese suavizada nos últimos tempos. Na tentativa de chegar a posições politicamente corretas, de fato, nos últimos anos, fez-se muitas coisas para amenizar as diferenças e retirar do status de piada a tese segundo a qual as mulheres são de Vênus, e os homens, de Marte.
Quem leva os dois planetas à distância certa é um estudo italiano. Marco Del Giudice, psicólogo da Universidade de Turim, escreveu na revista Public Library of Sciences que a brecha entre os sexos existe, e como. "A ideia de que existam apenas pequenas diferenças de personalidade entre homens e mulheres deve ser repensada, porque está baseada em métodos inadequados".
A pesquisa foi realizada por Del Giudice juntamente com duas colegas da Manchester Business School com uma amostra de 10 mil norte-americanos de 15 traços de personalidade diferentes. A maior discrepância refere-se à sensibilidade, tradicional domínio da mulher. As mulheres também registram valores muito altos no que se refere ao calor e à apreensão, enquanto os homens se distinguem pelo equilíbrio emocional, pela consciência e por uma tendência ao domínio. Perfeccionismo, vitalidade e tendência à abstração veem, ao contrário, a quase total paridade entre os sexos.
"Os homens – explica Del Giudice – se descrevem como mais estáveis emocionalmente, mais dominantes, mais ligados às regras e menos confiantes, enquanto as mulheres se veem como mais quentes emocionalmente, menos seguras de si e mais sensíveis".
A pesquisa turinense inverta aquele que era considerado o último grito em termos de estudos sobre as relações entre homens e mulheres. Da Universidade de Wisconsin, em 2005, a pesquisadora Janet Shibley Hyde tinha escrito de uma forma muito assertiva que "homens e mulheres são iguais, exceto por pequenas variáveis psicológicas". A teoria dos dois mundos separados "domina os meios de comunicação popular". Mas deve ser contrariada, porque "tem custos muito pesados sobre os postos de trabalho, quanto do ponto de vista dos relacionamentos interpessoais".
A pesquisadora critica em particular o livro de John Gray, de 1992, Homens são de Marte e mulheres são de Vênus, que há seis anos vendeu 30 milhões de cópias e foi traduzido para 40 línguas, e o de Deborah Tannen, Você simplesmente não me entende, segundo o qual os dois sexos têm modos de falar completamente diferentes entre si.
Embora com relação à sexualidade ou aos critérios de escolha do parceiro haja um acordo sobre o abismo que divide homens e mulheres, a análise dos traços de personalidade sempre foi um campo de contenda. "Os nossos dados invertem a concepção segundo a qual as diferenças de gênero na personalidade são desprezíveis", diz Del Giudice hoje. "Diferentemente de outros estudos, estudamos as características dos dois sexos de modo mais preciso. E observamos que as diferenças aumentam claramente, ao contrário se, em vez de medir uma característica por vez, levam-se em consideração todas as variáveis juntas".
O resultado, acrescenta o psicólogo turinense, é que "os perfis de personalidade típicos dos homens e das mulheres se sobrepõem apenas por 10-20%. Trata-se uma diferença de grandes dimensões, embora, obviamente, estamos falando de perfis estatísticos que não descrevem as pessoas individuais e deixam espaço para exceções".
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As diferenças entre homem e mulher, agora confirmadas pela pesquisa - Instituto Humanitas Unisinos - IHU