Por: Caroline | 08 Outubro 2013
O papa Francisco, ao confiar-lhe a responsabilidade de esmoleiro, disse: “Você não será um bispo de escritório, nem quero vê-lo atrás de mim durante as celebrações. Quero você sempre entre as pessoas. Você terá que ser a extensão da minha mão para levar uma carícia aos pobres, aos deserdados, aos últimos. Em Buenos Aires, saía sempre à noite para encontrar meus pobres. Agora já não posso. Para mim é um pouco difícil sair do Vaticano. Então, você fará isto por mim, você será a extensão do meu coração que os alcança e leva-lhes o sorriso e a misericórdia do Pai celeste”.
Fonte: http://goo.gl/wG7ujj |
A reportagem é de Andrea Tornielli, publicada no sítio Vatican Insider, 03-10-2013. A tradução é do Cepat.
Desde então, Konrad Krajewski (foto), que prefere ser chamado desta forma, apesar de ser arcebispo, atravessa cidades e arredores “para levar a solidariedade do bispo de Roma aos subúrbios mais obscuros e mais desesperados” e que já “começou a visitar os hóspedes de algumas casas de repouso”, como ele mesmo contou em uma entrevista com o jornalista Mario Ponzi, de “L’Osservatore Romano”.
“Enche-me de alegria – conta Krajewski – saber que agora quando abraço um dos nossos irmãos mais desafortunados, transmito-lhes todo o calor, todo o amor e toda a solidariedade do Papa. E ele, o papa Francisco, sempre me pede que lhe conte. Ele quer saber”. O novo encarregado pelas esmolas, que vive em Roma desde 1998 e foi mestre de cerimônias de Wojtyla, pôde conhecer “esse submundo que gravita ao redor dos Palácios Sagrados, sobretudo durante a noite. Um submundo povoado de pessoas desesperadas, sem moradia fixa, que sempre necessitam mais do que apenas comida – Roma neste sentido é muito generosa – de calor humano, alguém disposto a escutá-las, ao fazê-las sentir o calor de um abraço, de uma carícia”.
Assim, com a ajuda das freiras da Guarda Suíça, de armazéns privados e de um grupo de jovens voluntários da mesma Guarda Suíça, Konrad organizou uma espécie de restaurante itinerante. “Reuníamos – contou ao jornal vaticano – o que restava após os almoços e os jantares da Guarda. Empacotávamos em muitas porções individuais e, depois das 20h30min, saíamos do Vaticano para levar comida aos pobres que ficam à noite na Praça São Pedro”. Umas quarenta pessoas sem lar, que se alojavam como podiam sob os arcos da Via da Consolação. “Era uma maneira para nos aproximarmos, para estar um pouco com eles”. Uma prática que ainda continua.
Justamente destes deserdados, disse, “recebi o presente mais bonito no dia da minha ordenação episcopal. Convidei uns vinte deles e me presentearam com dois dias inteiros sem tomar nem ao menos meio copo de vinho. Foi muito difícil resistir à tentação do álcool. Fizeram isto de coração, e conseguiram. Sabiam que isto foi para mim o presente mais bonito. Inclusive, lavaram suas roupas nas fontes de Roma e, no dia seguinte, na Aula Paulo VI, voltaram e me deram um ramo de flores. Para dizer a verdade não sei de onde a tiraram, mas foi uma maneira de expressar seu afeto. E estou feliz porque agora, quando vou vê-los, levo comigo o coração do Papa exatamente para eles”.
O Papa pediu-lhe publicamente – segundo explicou Krajewski – durante a audiência “que concedeu-nos, para mim e meus familiares, no dia seguinte da ordenação episcopal: ser o encarregado pelas esmolas significa, sobretudo, exercer uma caridade que vai além dos muros. Pediu-me expressamente que eu não fique atrás de um escritório assinando pergaminhos, mas que eu vá encontrar os pobres, os necessitados, de corpo e espírito”.
Assim, pois, não é suficiente o subsídio oferecido aos necessitados. “Claro que não. O Papa quer que entre em contato direto com eles, que me encontre com eles em suas realidades existenciais, nas refeições, nas casas de acolhidas, nas casas de repouso ou nos hospitais. Dou-lhes um exemplo. Se alguém pede ajuda porque está sozinho o abandonado, devo ir ao seu encontro e abraçá-lo para fazê-lo sentir o calor do Papa e, portanto, da Igreja de Cristo. Queria fazer isto pessoalmente, como agia em Buenos Aires, mas já não pode. Por isso quer que eu faça em seu lugar”.
As cartas, nas quais muitas pessoas pedem ajuda, que chegam de Roma e também de muitas outras partes da Itália, “representam um quadro doloroso do aumento da miséria – explicou -, tem a ver com a pessoa em sua totalidade e não apenas em seu perfil estritamente econômico. E mais, diria que o econômico é um simples aspecto deste quadro. Situações precárias se transformam, em um abrir e fechar de olhos nas situações desesperadas. Assim como são desesperadas as condições dos imigrantes e dos refugiados que se dirigem Limosnería. Para não falar dos enfermos graves que não encontram acesso a tratamentos médicos, nem aos medicamentos. Para eles, temos predisposto um serviço, garantido por nossos médicos e voluntários através do qual tratamos de satisfazer a todos”.
“O Papa nos ajuda. Algumas entidades e associações de caridade disponibilizam algumas somas de dinheiro, além de suas próprias estruturas para acomodar as pessoas. No ano passado, conseguimos distribuir, em nome do Papa, mais de 900.000 euros”.
Uma fonte muito importante de apoio desta atividade caridosa ainda é a distribuição de pergaminhos com a benção apostólica.
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“O papa quer que eu vá pessoalmente ajudar os necessitados”, afirma Konrad Krajewski - Instituto Humanitas Unisinos - IHU