“Só me vem a palavra vergonha. É uma vergonha”. O Papa Francisco diante da tragédia de Lampedusa

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Por: André | 05 Outubro 2013

Só me vem a palavra vergonha. É uma vergonha”. As palavras de Francisco resumem o sentimento de boa parte da comunidade internacional depois do naufrágio registrado perto da ilha de Lampedusa no qual morreram 93 pessoas e desapareceram outras 250, após ver como cerca de 20 barcos observavam o incêndio da embarcação sem avisar as autoridades. A indignação do Papa poderia levá-lo, segundo fontes consultadas pelo Religión Digital, a presidir o funeral pelas vítimas da tragédia.

 
Fonte: http://bit.ly/1a2RC5U  

A reportagem é de Jesús Bastante e publicada no sítio Religión Digital, 03-10-2013. A tradução é de André Langer.

O Papa argentino improvisou estas palavras ao final do discurso aos participantes do convênio sobre o aniversário da Encíclica Pacem in Terris. “Rezemos – disse Bergoglio – pelos que perderam a vida, homens, mulheres, crianças, pelos familiares e por todos os migrantes. Unamos nossos esforços para que não se repitam tragédias similares. Somente uma decidida colaboração de todos pode ajudar a preveni-las”, afirmou. Suas palavras foram seguidas também pelo Twitter, onde escreveu: “Rezemos a Deus pelas vítimas do trágico naufrágio”.

É preciso recordar que foi precisamente Lampedusa o destino da primeira viagem de Francisco fora de Roma. Em julho, o Papa mostrou ao mundo o drama da migração, que nesta quinta-feira voltou a cobrar vidas.

Segundo explicaram os sobreviventes da tragédia – na embarcação viajavam cerca de 500 pessoas –, decidiram fazer um fogo na embarcação para permitir que sejam encontrados, posto que não conseguiam fazer contato com os serviços de resgate com os telefones que tinham.

A embarcação pegou fogo e muitos migrantes tiveram que se jogar ao mar, e no caos consequente a embarcação acabou virando. Pelo que tudo indica, cerca de 20 barcos teriam presenciado o incêndio e posterior naufrágio sem, no entanto, socorrer as vítimas nem comunicar as autoridades.

A tragédia desta quinta-feira se soma à ocorrida em 30 de setembro passado, quando 13 indocumentados morreram depois de terem sido obrigados pelos traficantes a pular da embarcação na qual viajavam, apesar de não saberem nadar e o mar estar agitado.

Por outro lado, na Paróquia de São Geraldo, na Via Aristóteles de Lampedusa, dom Stefano Nastasi, ex-pároco de São Geraldo – que convidou o Papa para visitar Lampedusa –, foi testemunha da tragédia.

Dom Stefano reconhece estar consternado: “É um massacre. Um massacre que é preciso deter de uma vez por todas”. Para este sacerdote tão querido por seus conterrâneos, a esperança vem das mãos dos vizinhos “que se dispuseram a ajudar os imigrantes, saindo ao mar com as barcas, levando cobertores e comida, ajudando no que podem”.

Para dom Stefano, “toda perda humana é uma tragédia, mas esta é sem dúvida a pior que lembro, pelo número de vítimas. É algo horroroso”. Enquanto confia em “que não se repita algo assim”, informamos a ele sobre a mensagem do Papa Francisco desta mesma manhã, qualificando de vergonhosa a morte destas pessoas que buscavam um futuro melhor.

Stefano foi quem conseguiu que o Papa Francisco visitasse a ilha com um báculo papal feito de madeira de embarcação. O sacerdote recorda que Francisco clamou com dureza contra o tráfico de pessoas, mas não foi suficiente para frear este drama que atinge especialmente Lampedusa.

Os habitantes de Lampedusa, “majoritariamente pescadores”, explica o sacerdote, merecem todos os aplausos pela solidariedade que mostraram – uma vez mais – diante da morte de inocentes, vítimas do desespero e da cobiça dos modernos traficantes de pessoas.

Há informações de que ao menos um dos donos da embarcação teria sido preso.

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