Por: Jonas | 19 Setembro 2013
“No Fairphone os valores são a abertura, a transparência e a intenção de devolver ao usuário o controle daquilo que compra”, afirma Javier Pastor, em artigo publicado por Adital, 17-09-2013. A tradução é do Cepat.
Eis o artigo.
De vez em quando nos deparamos com projetos diferenciados. Iguais em parte a tudo o que havíamos visto, porém, postos em marcha com uma perspectiva que os torna totalmente originais. Fairphone é um desses projetos.
Há três anos que os desenvolvedores da ideia a puseram em marcha. Seu objetivo: "criar o primeiro smartphone do mundo totalmente justo”. Um qualificativo estranho para um Smartphone; porém, no Fairphone os valores são a abertura, a transparência e a intenção de devolver ao usuário o controle daquilo que compra.
O que é o Fairphone?
Fairphone é basicamente um smartphone baseado inicialmente em Android 4.2, como tantos outros que vimos até agora. Suas especificidades não são especialmente surpreendentes: CPU quad-core MediaTek 6589, tela qHD de 4,3 polegadas, câmera posterior de 8 Mpíxeles, 16 GB de capacidade, bateria intercambiável e ranhura microSD.
Talvez, não seja como tantos outros, porque nesse telefone o desenho é aberto, sua comercialização está aberta ao público, e seus mecanismos de produção também estão explicados claramente no blog do projeto. Ah, quase me esquecia: é claro que está liberado e com o bootloader desbloqueado para que qualquer usuário possa aproveitá-lo como melhor lhe pareça.
Boas intenções do início ao fim
Um exemplo claro são os materiais “livres de conflitos”, como os consideram seus responsáveis, e que são conseguidos, por exemplo, em parte, na República Democrática do Congo, algo que evita que esses mesmos materiais sirvam para apoiar economicamente formações militares ilegais.
Também se aprecia esse destaque de um processo de produção justo na relação com os provedores. A criação de um fundo benéfico para os trabalhadores envolvidos na produção destes telefones permitirá resolver problemas e necessidades em assuntos como as condições de vida e trabalho, os salários ou a educação.
E, é claro, essa abertura é apreciada também no desenho, com uma manifestação clara: “Se você não pode abri-lo, não é dono”, no sentido de que são os usuários os que deveriam ter o controle total dos dispositivos que compram, do início ao fim.
Nesse ponto, destacam-se possibilidades como a de escolher o sistema operativo para estes smartphones, a presença de baterias intercambiáveis e de suporte dual SIM, e outro dado curioso: não se inclui nem o carregador do móvel, nem acessórios como fones de ouvido.
Com isso, os desenvolvedores da ideia conseguem reduzir a produção de mais resíduos inúteis e consideram – com acerto – que a maioria de usuários já conta com um carregador com o conector micro USB presente neste dispositivo.
Embora o Fairphone inclua uma capa própria por cima do Android, criada pela empresa Kwamecorp, até esta capa pode ser modificada pelos usuários para ajustá-la a suas necessidades.
Também se fazem públicos dados que normalmente são quase segredo de Estado no caso de outros fabricantes. Temas como uma especificação total do custo dos materiais, do preço final do telefone (325 euros), e inclusive seu futuro reciclável são exemplos dessa vocação em oferecer a máxima transparência. Três desses 325 euros vão direto para um organismo, Closing the Loop, encarregado de reciclar 100.000 telefones usados em Gana.
Um projeto inspirador
Os Fairphones, que inicialmente estarão disponíveis apenas na Europa, começarão a ser fabricados assim que se ultrapassar um número de pedidos de ao menos 5.000 telefones. Tudo aponta que conseguirão este número, porque em 16 dias já contam com quase 3.000 telefones pré-reservados (no momento de escrita deste texto, eram exatamente 2.976). É evidente que 5.000 telefones são apenas uma gota de água num oceano dominado pelos grandes fabricantes de smartphones. Esse primeiro passo confirmará que este tipo de iniciativa faz muito sentido para muita gente.
Os responsáveis pelo projeto esperam ter um modelo em agosto, ao passo que os telefones finais poderiam chegar aos seus proprietários em outubro, embora atualizem todos estes dados na página oficial do projeto. Só me resta desejar-lhes a melhor de todas as sortes.
FECHAR
Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:
Fairphone. É possível um smartphone Android de Comércio Justo? - Instituto Humanitas Unisinos - IHU