23 Mai 2013
Na semana em que se comemora o Dia Internacional da Biodiversidade – mais especificamente nesta quarta-feira, dia 22 –, um grupo de pesquisadores anunciou a descoberta de 15 novas espécies de aves na Amazônia brasileira. Em termos estatísticos, as novas espécies representam um acréscimo de quase 1% na biodiversidade nacional de aves. Por esse motivo, a novidade está sendo considerada o maior feito da ornitologia brasileira em 140 anos, trazendo uma grande contribuição para aumentar o conhecimento sobre a maior e mais biodiversa floresta tropical do mundo.
A informação é publicada por amazonia.org.br, 22-05-2013.
Onze das novas espécies são endêmicas do Brasil e quatro podem ser encontradas também no Peru e na Bolívia. A presença das aves ocorre sempre perto de rios como o Madeira, na Amazônia ocidental, e o Tapajós, no Pará, na porção oriental. Isso mostra que os numerosos cursos d’água que serpenteiam pela floresta são uma caudalosa fonte de biodiversidade não só dentro, mas também fora de suas águas.
As descobertas foram realizadas por três instituições nacionais de pesquisa – Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo (MZ-USP), Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), de Manaus, e Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG), de Belém – e pelo Museu de Ciência Natural da Universidade Estadual da Louisiania (LSUMNS), nos Estados Unidos. As novas espécies serão formalmente descritas pela primeira vez numa série de artigos científicos a serem publicados em julho num volume especial do Handbook of the birds of the world.
Habitat em perigo, espécies em risco
Das aves descobertas, a maior é uma espécie de gralha, com cerca de 35 centímetros de comprimento, que vive em meio à floresta existente entre os rios Madeira e Purus, no Amazonas. “Essa gralha está ameaçada de extinção”, diz Mario Cohn-Haft, curador da seção de ornitologia do Inpa. “Seu habitat está em perigo e podemos perder a espécie antes de ter tido tempo de estudá-la a fundo.” Sua principal região de ocorrência é uma área próxima àrodovia BR-319, que liga Manaus a Porto Velho, e uma das principais causas do desmatamento na região.
Na Floresta Nacional de Altamira, outra região onde uma das espécies foi localizada, os cientistas precisaram inclusive do apoio de proteção armada. Habitat do arapaçu-de-bico-torto, a Flona se localiza próxima à rodovia BR-163, no sul do Pará, região de conflitos fundiários e de intensa degradação florestal. “A tensão num lugar assim é grande. Havia um garimpo ilegal em funcionamento na unidade. Para podermos trabalhar com segurança na reserva, tivemos de ser escoltados por soldados do Exército”, conta Aleixo, da seção de ornitologia do MPEG.
Além de abrigar a maior biodiversidade do mundo, o Brasil é o segundo país com maior número de espécies conhecidas de aves, cerca de 1.840. Segundo Luís Fábio Silveira, curador do setor de ornitologia do Museu de Zoologia da USP, apenas a Colômbia tem mais espécies, com aproximadamente 1.900.
“Ainda falta muito para a Amazônia ser considerada suficientemente bem conhecida e, assim, permitir o planejamento e a sustentabilidade das reservas de biodiversidade já existentes e também das futuras”, afirma o ornitólogo Bret Whitney, pesquisador do Museu de Ciência Natural da Universidade Estadual da Louisiania. Mas, enquanto isso, a sociedade pode contribuir com os pesquisadores ajudando a preservar a floresta tropical mais biodiversa do planeta.
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Novas aves colorem ainda mais a Amazônia - Instituto Humanitas Unisinos - IHU