Clonagem.“É preciso discutir a questão ética”

Mais Lidos

  • Alessandra Korap (1985), mais conhecida como Alessandra Munduruku, a mais influente ativista indígena do Brasil, reclama da falta de disposição do presidente brasileiro Lula da Silva em ouvir.

    “O avanço do capitalismo está nos matando”. Entrevista com Alessandra Munduruku, liderança indígena por trás dos protestos na COP30

    LER MAIS
  • Dilexi Te: a crise da autorreferencialidade da Igreja e a opção pelos pobres. Artigo de Jung Mo Sung

    LER MAIS
  • Às leitoras e aos leitores

    LER MAIS

Revista ihu on-line

O veneno automático e infinito do ódio e suas atualizações no século XXI

Edição: 557

Leia mais

Um caleidoscópio chamado Rio Grande do Sul

Edição: 556

Leia mais

Entre códigos e consciência: desafios da IA

Edição: 555

Leia mais

16 Mai 2013

Patricia Pranke, que coordena o Instituto de Pesquisa com Células-Tronco da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), comentou ontem o anúncio dos pesquisadores americanos que possibilita a criação de embrião humano via clonagem.

A entrevista é de Itamar Melo e publicada pelo jornal Zero Hora, 16-05-2013.

Eis a entrevista.

O que a técnica tem em comum com a clonagem?

Foi usado um procedimento chamado de clonagem terapêutica, diferente da clonagem reprodutiva, que significa criar o clone e fazer o indivíduo nascer, como no caso da ovelha Dolly. A clonagem reprodutiva em seres humanos tem de ser banida. Clonagem terapêutica é outra coisa. O inicio da técnica é o mesmo, mas você não insere o embrião no útero para gerar um individuo novo. A ideia é desenvolver células tronco com o código genético do doador, para não existir rejeição.

Essa seria a vantagem?

Sim. É por isso que se faz clonagem terapêutica. A compatibilidade é sempre importante, porque sempre pode haver rejeição. Se eu tiver um embrião formado a partir do núcleo das minhas células, as células-tronco não vão ser rejeitadas.

Essa técnica soluciona a discussão ética em torno do uso de embriões?

Não soluciona dilema ético nenhum, porque se está produzindo um embrião. A única diferença é que ele não é um embrião doado. Tem de ser destruído da mesma forma, para se trabalhar com essas células. Não muda a questão ética. Para alguns, até agrava, porque além de produzir o embrião, existe o risco de alguém querer usá-lo para clonagem. Teoricamente, se o embrião for colocado no útero, produzirá um clone de quem doou a célula. É óbvio que a gente não quer isso.

Já existe alguma terapia em que as células embrionárias poderiam ser utilizadas?

Hoje ninguém está usando célula embrionária humana em paciente. A gente espera que daqui a alguns anos vai acontecer. O principio é usar as células para regenerar um tecido, seja coração, músculo, rim, qualquer coisa. As células embrionárias podem se transformar em qualquer tipo de célula. A célula tronco adulta é mais limitada.

Quais são os próximos passos?

Primeiro é preciso padronizar a técnica de clonagem terapêutica, transformá-la em algo que possa ser realizado com frequência, o que é muito difícil. E, antes de usar em terapias, é preciso discutir a questão ética. No Brasil, por exemplo, a clonagem terapêutica não é permitida.