13 Mai 2013
"A busca pela paz justa cria parâmetros e critérios para avaliar não só as relações de poder entre Israel e Palestina, mas também revela o burocratismo retórico aqui no Brasil de políticos e partidos que continuam se referindo a políticas de paz e tolerância, direitos e diálogo, mas que não passam no teste das convicções”, adverte a teóloga.
Confira a noticia.
Foto: www.programaapalavra.com.br |
“Este desacerto para além da retórica política do governador Tarso Genro é também a retórica da política externa brasileira, que apoia a Palestina em fóruns ‘políticos’, mas mantém a hipocrisia e o pragmatismo nos acordos econômicos e militares”, avalia Nancy Cardoso Pereira, em entrevista à IHU On-Line, ao comentar o contrato assinado entre o governo do estado do Rio Grande do Sul e a companhia militar israelense Elbit. Para ela e a teóloga Romi Bencke, a decisão do governo gaúcho “vai na contramão de decisões internacionais sustentadas por uma visão ética que reconhecem a participação da Elbit em crimes internacionais: em maio de 2010, o Deutsche Bank, o maior banco da Alemanha, anunciou a exclusão da empresa de sua carteira de investimentos, porque não atende a seus padrões éticos. No dia 29 de março de 2010, os administradores dos fundos de pensões nacionais da Suécia anunciaram que eles estavam excluindo Elbit Systems de suas carteiras de investimento”.
De acordo com Nancy, “o Brasil é o quinto maior importador de armas israelenses, um negócio que já beira um bilhão de dólares”, por conta do acordo militar assinado com Israel. “Desde novembro de 2010, o Brasil recebe regularmente delegações de Israel para estreitar os laços políticos, empresariais e militares e vice-versa”, informa na entrevista a seguir concedida por e-mail. Para ela, mais do que na política internacional, “esta hipocrisia além e aquém da retórica, que se expressa também nas políticas internas como, por exemplo, no pagamento do piso nacional do professorado: seta para esquerda... entrada para direita! Ou nas políticas para agricultura: migalhas para a agricultura familiar e reforma agrária ao lado de acordos bilionários com o agronegócio”.
Teóloga e filósofa metodista, Nancy Cardoso Pereira (foto) é mestre e doutora em Ciências da Religião pela Universidade Metodista de São Paulo – Umesp, e pós-doutora em História Antiga pela Universidade Estadual de Campinas – Unicamp. É membro do conselho editorial da Revista de Interpretação Bíblica Latino-Americana e membro do Fórum Ecumênico Israel Palestina.
Confira a entrevista aqui.
Que sentimentos esta entrevista provocou em você?
Javé apareceu fazendo justiça, apanhou o injusto em sua manobra.
Que os injustos voltem ao túmulo,
os povos todos que se esquecem de Deus!
Pois o indigente não será esquecido para sempre,
e a esperança dos pobres jamais se frustrará. (Sl 9, 17-19)
Leia-o e deixe que ele ecoe em você.
Com confiança faça uma oração com o que sentiu.
FECHAR
Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:
A retórica brasileira e o teste das convicções. Entrevista especial com Nancy Cardoso Pereira e Romi Bencke - Instituto Humanitas Unisinos - IHU