29 Janeiro 2013
Primeiro grande banco de varejo a divulgar o balanço de 2012, o Bradesco confirmou as expectativas dos analistas: o lucro de R$ 11,4 bilhões foi recorde, mas cresceu pouco (3,2%), afetado pela inadimplência persistentemente alta, pela redução das taxas de juros para os níveis mais baixos da história do País e pelo avanço do crédito inferior ao que a própria instituição imaginava um ano atrás.
A reportagem é de Leandro Modé e publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo, 29-01-2013.
Em uma segunda-feira marcada por desvalorização de 1,87% do Índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Ibovespa), as ações do Bradesco perderam um pouco mais do que a de seus pares - 3,13%, ante uma queda de 2,8% dos papéis do Itaú e 2,76% do Banco do Brasil. O Santander foi a exceção: a ação subiu 1,16%.
A carteira de crédito do segundo maior banco privado brasileiro expandiu-se 11,5% no ano passado, abaixo das estimativas divulgadas um ano atrás, que iam de 14% a 18%. O mercado apresentou uma alta de 16,2%, segundo dados divulgados pelo Banco Central (BC) na sexta-feira.
O presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco Cappi, negou que o desempenho mais modesto tenha relação direta com os índices de inadimplência, que se mantiveram elevados ao longo de todo o ano passado.
"Nosso crédito está adequado ao nível de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB)", afirmou Trabuco. Ele também disse que os balcões de empréstimos do Bradesco estão abertos, negando, assim, que haja uma cautela excessiva em razão dos indicadores de calote.
No caso específico do Bradesco, o índice geral de inadimplência acima de 90 dias encerrou 2012 em 4,1%, em comparação com 3,9% um ano antes. Na pessoa física, o indicador ficou estável durante todo o ano, em 6,2%.
Entre as empresas de menor porte, o índice atingiu 4,2% em dezembro, ante 4,3% no trimestre anterior. Nas grandes empresas, o calote foi de 0,3%, o menor porcentual de todo o ano. Apesar da melhora em praticamente todas as faixas, analistas consideram que o calote ainda está acima da média história dos bancos.
Trabuco também rechaçou a hipótese de que os banco privados tenham colocado o pé no freio do crédito por causa da inadimplência em 2012. "O que acontece quando há mais inadimplência é um aumento das provisões, mas não seguramos crédito. Até porque o crédito novo faz a inadimplência se diluir, puxando para baixo o indicador geral", explicou.
No ano passado, o governo reclamou que os bancos privados estavam segurando o crédito, o que teria contribuído para o desempenho mais fraco da economia do que o esperado. Neste ano, a presidente Dilma Rousseff voltou a pedir que as instituições mantenham abertas as torneiras do crédito.
Para 2013, a expectativa do Bradesco é de uma expansão da carteira de crédito entre 13% e 17%. O mais provável, segundo executivos do banco, é que o centro da meta seja atingido. Para o PIB, a projeção do departamento de economia é de uma alta de 3,5%.
Reação
Analistas do banco BTG Pactual consideraram os resultados do quarto trimestre do Bradesco "fracos". Nesse período, a instituição reportou lucro líquido de R$ 2,92 bilhões, um pouco abaixo das estimativas do próprio BTG e do consenso do mercado financeiro.
"No geral, os resultados não foram entusiasmantes, com crescimento de crédito ainda muito tímido, margens com tendência a queda e inadimplência sem melhora", destacaram em seu relatório os profissionais Marcelo Henriques e Eduardo Rosman.
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Com R$ 11,4 bi, lucro do Bradesco é recorde - Instituto Humanitas Unisinos - IHU