Por: Cesar Sanson | 24 Janeiro 2013
A CPT Tucuruí – PA, divulgou nota pública denunciando violência contra famílias sem terra, no Pará. Pistoleiro agrediu um trabalhador e ameaça as famílias desde o início de janeiro.
Eis a nota.
No dia 04 de janeiro de 2013, um ônibus com um grupo de famílias sem terra, partiu da cidade de Breu Branco com destino ao imóvel rural denominado Fazenda Cachoeira, que tem como pretenso proprietário Arildo Maia. Cabe ressaltar que o referido imóvel é de jurisdição do Instituto de Terras do Pará – ITERPA, que o mesmo não está devidamente documentado e legalizado.
O plano das famílias sem terra era ocupar o imóvel. Por volta das 16h00 as famílias chegaram à propriedade do senhor Jair, que fica a uma distância de 7 km da Fazenda Cachoeira. Com a permissão do irmão do senhor Jair, as famílias decidiram montar acampamento ali mesmo, na propriedade dele.
Enquanto desciam do ônibus os seus pertences, chegaram dois homens em uma moto. Um deles, conhecido por Gordo, que é pistoleiro e dono de carvoaria e reside na Comunidade Mamorama, Município de Goianésia do Pará. Ele intimidou as famílias com ameaças de morte, dizendo que se ocuparem o imóvel ninguém fica vivo. Após esta intimidação retirou-se do local, porém carros e motos ficaram trafegando por entre as famílias, aumentando o pânico.
Todas as famílias se alojaram para dormir. Por volta das 22h30min, quando todos já dormiam, chegaram quatro pistoleiros fortemente armados, sob o comando de Gordo. Os pistoleiros cercaram as famílias. O Gordo mandou todos se levantarem e ameaçou a todos de morte.
O Senhor Itamar, conhecido por “Cabeludo”, chamou a atenção dos pistoleiros, alertando-os de que as famílias estão alojadas em uma propriedade particular e com a autorização e consentimento do dono da propriedade, e que eles não podiam fazer isso. Nessa hora o pistoleiro Gordo pegou o revólver e bateu violentamente no rosto de Itamar, causando fratura, corte e sangramento.
No dia 06/01, o pretenso proprietário da Fazenda Cachoeira pressionou o dono da propriedade em que as famílias estão alojadas para que se retirassem de lá. Com medo que lhe acontecesse alguma coisa, cedeu à pressão e as famílias saíram.
As famílias acampam próximo de uma ponte, ainda dentro da propriedade do dono da casa onde estavam anteriormente. Logo começaram a trafegar novamente por entre as famílias, pistoleiros em motos e em uma camionete fazendo-lhes ameaças.
À noite as famílias foram para a celebração da missa na Comunidade Mamorama. O Padre que estava celebrando, temeroso, impediu a elas de participarem, pois quem comanda a Comunidade é o Gordo, pistoleiro perigoso.
Frente às pressões, ameaças e espancamento, as famílias aos poucos foram abandonando o alojamento e retornando para Breu Branco. Cem famílias estão cadastradas para este imóvel, sendo que quarenta são da Comunidade Mamorama e as demais da cidade de Breu Branco.
A atual situação das famílias da comunidade é a seguinte: só estão podendo andar à noite; a área está cheia de espiões e pistoleiros; as cestas básicas que ficaram no alojamento desapareceram; no último sábado (19/01/13) o pistoleiro Gordo espancou com revólver um trabalhador/peão que trabalha em suas carvoarias.
Na segunda-feira (21/01/13), duas das lideranças estiveram na Delegacia Especial de Conflitos Agrários – DECA, em Marabá, onde foi registrado Boletim de Ocorrência (BO).
Nossa esperança e confiança é que as autoridades competentes possam apurar todos estes fatos, punir os agressores e garantir a segurança das famílias, que ora lutam pelo direito de ter acesso a um pedaço de terra.
Tucuruí, 23 de janeiro de 2013.
Comissão Pastoral da Terra
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Pistoleiros ameaçam famílias e espancam sem terra - Instituto Humanitas Unisinos - IHU