Por: Jonas | 03 Outubro 2014
A visão dos bispos “divididos segundo partidos” não é própria da Igreja e por isso deve ser evitada durante o próximo Sínodo. Assim se manifestou uma figura de referência da Santa Sé, o cardeal canadense Marc Ouellet (foto), em um discurso para prelados do “velho continente”, reunidos em Roma pela assembleia do Conselho de Conferências Episcopais da Europa. Em seu discurso, afirmou que apenas um “diálogo construtivo” permitirá “ver com olhos de pastores misericordiosos as alegrias e as penas das famílias”.
Fonte: http://goo.gl/0fq6GF |
A reportagem é de Andrés Beltramo Álvarez, publicada por Vatican Insider, 02-10-2014. A tradução é do Cepat.
“Os ecos midiáticos destas últimas semanas de preparação para o Sínodo poderiam fazer acreditar que os bispos e cardeais também estão divididos em partidos e que o Papa se identifica com um deles, mas esta lógica de debate, própria do campo político, é estranha ao modo de pensar de Cristo e da Igreja e, consequentemente, deve ser evitada, caso se deseje responder adequadamente aos objetivos da assembleia sinodal”, disse o purpurado, na tarde desta quinta-feira.
Suas palavras refletem o ambiente que se vive em Roma, poucos dias antes do início dos trabalhos sinodais, que se inicia no próximo domingo, dia 5 de outubro. A discussão pública (por meio de livros e entrevistas) entre cardeais em razão do tema da permissão ou não da eucaristia para alguns divorciados em segunda união monopolizou o espaço público a respeito de um sínodo que abordará também muitos outros temas. Além disso, deixou a imagem de uma fragmentação contraposta entre os pastores.
Por isso, Ouellet iniciou sua mensagem com uma citação da primeira carta do apóstolo São Paulo aos Coríntios: “Eu lhes peço, irmãos: em nome de nosso Senhor Jesus Cristo, sejam todos unânimes no falar, para que não existam divisões entre vocês”.
Animou a todos os presentes a “continuarem serenamente” as trocas de opiniões iniciadas em suas respectivas dioceses e conferências episcopais sobre o tema da família. Constatou que a consulta inicial, lançada graças a um questionário mundial e aprovada pelo Papa, “suscitou um enorme interesse e uma excepcional taxa de participação”.
E também pediu para que se aprecie a “inovação em curso” sobre um processo sinodal que terá duas fases e que deveria favorecer um aprofundamento nos problemas, com uma maior recepção da mensagem completa da Igreja nessa matéria.
Por isso, sustentou que o desafio principal da primeira fase do Sínodo não será o tema em si mesmo, mas, sim, a metodologia: ou seja, o modo como enfrentá-lo e discuti-lo.
“Tendo em conta as expectativas suscitadas e as correntes de opinião colocadas em circulação, tal assembleia não pode ter êxito a não ser em um clima de mútua e autêntica escuta. Apenas uma atmosfera de oração e de diálogo construtivo permitirá ver juntos, com olhos de pastores misericordiosos, as alegrias e as penas das famílias, como também os remédios aos endêmicos males que afligem os casais e as famílias de hoje”, advertiu.
E pressagiou que “a comunhão profunda entre os bispos e a liberdade de palavra não sejam obstaculizadas por indevidas pressões de qualquer tendência”.
Para Ouellet, uma “pastoral renovada e missionária” não pode ser o fruto de “simples máximas ou slogans, ainda que justos ou oportunos”. Ela deve estar fundamentada sobre uma visão teológica que gere entusiasmo “porque mostra a beleza do amor humano, sacramento do amor divino”.
“Esta visão cristã sacramental não é um simples ideal para uma elite, é um dom de graça essencial na busca humana de felicidade. Possa sua corajosa proposta aos casais de nosso tempo, de tantos modos fragilizados, reanimar a esperança de uma felicidade terrena durável que seja promessa de vida eterna”, apontou.
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“Não às divisões em partidos pelo Sínodo”, pede o cardeal Ouellet - Instituto Humanitas Unisinos - IHU