29 Julho 2014
"Líderes luteranos convidaram a Igreja Católica a se juntar a eles nas comemorações do aniversário de 500 anos da Reforma Protestante, em que Martinho Lutero publicou as 95 teses. Lutero se opôs à venda de indulgências, ao fato de a Bíblia não estar escrita no idioma vernacular e à posição doutrinal da Igreja quanto à justificação pela fé – questões que viram mudanças significativas durante os anos", escreve David V Barrett, britânico sociólogo da religião em artigo publicado pelo jornal The Catholic Herald, 25-07-2014. A tradução é de Isaque Gomes Correa.
O desentendimento entre católicos e protestantes na Alemanha é resultado de um mal-entendido, diz teólogo alemão.
Em 1999, as igrejas católica e luterana publicaram um documento intitulado Declaração Conjunta sobre a Doutrina da Justificação que estabeleceu uma “compreensão comum de nossa justificação pela graça de Deus na fé em Cristo”. Este texto foi amplamente considerado importante para o estabelecimento de uma base doutrinal comum entre as igrejas.
Mas quando a Igreja Evangélica Alemã – EKD (na sigla em alemão) publicou um documento de posição intitulado “Justificação e Liberdade” em maio, não mencionou explicitamente a Declaração. O cardeal Walter Kasper, ex-presidente do Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos, disse: “Eu quase não acreditei nisso. Fiquei realmente magoado”.
O religioso disse que a EKD “não deveria esquecer o que já havíamos formulado juntos”.
Hoje, a contenda se intensificou. Segundo a revista The Tablet, Dom Heinz Josef Algermissen, vice-presidente da Comissão Ecumênica da conferência episcopal [católica] alemã, disse no início deste mês que havia ficado “irritado e frustrado” com o documento de posição.
“Eu realmente não consigo mais ver razão em celebrarmos juntos”, disse, chamando o documento de posição de “destrutivo”. Algermissen foi citado dizendo que a Igreja Católica recebeu “recentemente tapas na cara, um após o outro”, e que “por fim a verdade veio à tona”.
O professor Volker Leppin, membro do grupo que esboçou o documento da EKD, disse ao jornal The Catholic Herald que a Igreja Evangélica Alemã – EKD “leva muito a sério o protesto do cardeal Kasper” e que “desejamos celebrar o aniversário de 500 anos da Reforma junto de nossos irmãos e irmãs católicos”. Falou que o documento de posição “expressa exatamente isso. Ele termina com a visão de um jubileu celebrado junto com os católicos. E começa com a afirmação de que os protestantes têm condições de encontrarem formulações da doutrina da justificação junto da Igreja Católica romana – uma alusão evidente à Declaração Conjunta sobre a justificação de 1999”.
E continuou: As críticas do cardeal Walter Kasper e de Dom Heinz Josef Algermissen são consequências de um mal-entendido do texto, e a EKD irá fazer tudo o possível para esclarecer os pontos que causaram descontentamento. A vontade clara da EKA é celebrar o jubileu da Reforma num contexto pacífico e ecumênico”.
Na segunda-feira um dos bispos da EKD, Dom Heinrich Bedford-Strohm, disse estar “entristecido por toda esta discussão”.
“Esfreguemos nossos olhos e nos perguntemos: O que está acontecendo?”, escreveu, acrescentando esperar que “as ondas se acalmem novamente neste caso” e que o evento de 2017 seja comemorado de forma ecumênica como um “grande festival de Cristo (...), do jeito que Lutero iria querer, em minha opinião”.
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Celebrações da Reforma. Protestantes tentam acalmar contenda - Instituto Humanitas Unisinos - IHU