Por: Cesar Sanson | 14 Julho 2014
A seleção alemã promoveu a mais terrível goleada da história numa semifinal de Copa do Mundo, jamais sofrida pela seleção brasileira em toda sua existência. No entanto, a incrível seleção alemã goleou, também fora de campo, todas as demais seleções, a FIFA e o governo do Brasil.
A reportagem é de Antonio Fernando Pinheiro Pedro e publicado pelo portal Ambiente Legal, 09-07-2014.
Como já havia feito antes, na Copa 2010, na África do Sul e na Eurocopa, na Polônia e na Ucrânia, a Federação Alemã de Futebol (DFB, na sigla original) promoveu ações sociais beneficiando a comunidade local onde se hospedou.
A atitude, de pura responsabilidade social, constitui uma retribuição, um agradecimento pela hospitalidade. Assim foi o que sucedeu na Bahia, local escolhido pelos alemães, para centro de treinamento durante a Copa 2014.
Em agradecimento à recepção e hospitalidade dos brasileiros, a DFB, doou 10 mil euros para a aldeia Pataxó em Santa Cruz de Cabrália, que o time visitou no dia seguinte à sua chegada ao Brasil.
A delegação e jogadores alemães, também visitaram uma escola municipal local, onde brincaram e interagiram com as crianças. Note-se que a DFB já vinha auxiliando financeiramente a escola, através do projeto “Sonhos de Crianças”.
Não contente com o apoio institucional já proporcionado, a delegação alemã já anunciou, por meio de sua assessoria de imprensa, novos investimentos no local, a compra de mobiliário e a reforma do único campo de futebol do lugar – que deverá ter o mesmo padrão “Copa” do campo utilizado no centro de treinamento montado na região para a seleção germânica.
Respeito ao meio ambiente
O complexo, batizado de Campo Bahia, possui 15 mil metros quadrados. Conta com 14 casas coletivas, de dois andares, com vista para o mar, 65 quartos, área de convivência e piscina de 700 metros quadrados, salões para confraternização, restaurante e uma cozinha aberta, de frente para a praia.
O empreendimento foi licenciado pela Secretaria de Meio Ambiente da Bahia, e atendeu a várias prescrições do órgão ambiental de Santa Cruz de Cabrália, dentre as quais ,que as construções não superassem a altura dos coqueiros e que as árvores cortadas fossem replantadas em outro local, por se tratar de área de vegetação nativa.
A licença ambiental foi demorada, embora pedida com antecedência e foi concedida, finalmente, em fevereiro de 2014. As obras duraram 5 meses. O suporte fornecido pelos alemães à comunidade local , como contrapartida ao empreendimento, incluiu o apoio à gestão de resíduos sólidos, suprimento de água potável e tecnologia da informação para o desenvolvimento das escolas da região.
Planejamento econômico
O apoio àquela região adveio de uma decisão estratégica, relacionada à falta de qualidade da estrutura de apoio existente no nordeste às fortes seleções da Copa. Descontente com o padrão dos hotéis nas cidades sedes dos jogos de sua seleção, na primeira fase da Copa (no Nordeste brasileiro), a DFB decidiu construir seu próprio centro de treinamento, na Ilha de Santo André, ao Norte de Cabrália, no litoral baiano.
O objetivo dos alemães, com a construção do centro, foi manter a privacidade e harmonia do grupo, minimizar os efeitos dos deslocamentos entre os jogos e atender todas as necessidades dos jogadores e comissão técnica da seleção.
De fato, a Ilha de Santo André, há anos é tida como um recanto dos mais atraentes e discretos do sul da Bahia. Sua extensa praia abrange piscinas naturais que servem de refúgio a cetáceos e tartarugas marinhas. Há antigas sedes de fazendas de cacau e pousadas sofisticadas. Um local escolhido para refúgio e descanso de altos executivos e turistas descolados. A decisão estratégica dos alemães não poderia ter sido, portanto, mais acertada.
Com isso, os alemães reuniram, planejamento, conforto, ambientação e rentabilidade do investimento.
Popularidade e identidade
Conforme noticiado pelo portal R7: “Todos os jogadores, sem exceção, “caíram no samba”: Podolski postou fotos ao lado dos torcedores locais; Klose comemorou o seu aniversário de 36 anos dançando junto com índios pataxós; Özil se aventurou na capoeira; Neuer e Schweinsteiger vestiram a camisa do Bahia, pularam e entoaram cânticos do clube .”
Mesmo após infligir o maior vexame à nossa seleção, os alemães, sem hipocrisia, deram prova de grandeza e espírito esportivo, refletida na postagem de um de seus principais jogadores, Podolski, nas redes sociais: “Respeite a AMARELINHA com sua história e tradição. O mundo do futebol deve muito ao futebol brasileiro, que é e sempre será o país do futebol. A vitória é consequência do trabalho, viemos determinados, todos nós crescemos vendo o Brasil jogar, nossos herois que nos inspiraram são todos daqui. Brigas nas ruas, confusões, protestos não irão resolver ou mudar nada, quando a Copa acabar e nós formos embora, tudo voltará ao normal então muita paz e amor para esse povo maravilhoso, um povo humilde, batalhador e honesto um país que eu aprendi a amar”.
Agradecida e satisfeita com interação diária com os moradores do local, a delegação alemã despediu-se com festa, e, simbolicamente, já ganhou o troféu da Seleção- Padrão de Sustentabilidade da Copa do Mundo de 2014.
Foto: Podolski e os Pataxós. Fonte: Ambiente Legal.
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A lição da Seleção Alemã. Responsabilidade social dentro e fora do campo - Instituto Humanitas Unisinos - IHU