11 Julho 2014
O arcebispo de Westminster, cardeal Vincent Nichols, e o arcebispo de Canterbury, Justin Welby, prometeram total apoio para o novo inquérito público sobre a manipulação de alegações de abuso infantil por parte das instituições públicas na Inglaterra.
A reportagem é de Ruth Gledhill, publicada no sítio do The Tablet, 09-07-2014. A tradução é de Claudia Sbardelotto.
A presidente do inquérito, a baronesa Butler-Sloss, juíza aposentada que é ex-presidente da divisão de família do tribunal superior, tem uma vasta experiência na área. Ela foi vice-presidente da Comissão Cumberlege, que ajudou a preparar as políticas de proteção de menores da Igreja Católica em 2007. Ela também presidiu uma revisão de problemas históricos de abuso sexual de crianças na Igreja da Inglaterra, que resultou na condenação de um clérigo da diocese de Chichester, em 2008.
Durante o Sínodo Geral da Igreja da Inglaterra em York neste fim de semana, sobreviventes de abuso sexual por parte de ministros e do clero irão se encontrar com o arcebispo de Canterbury, Justin Welby. Os oito membros do Minister and Clergy Sexual Abuse Survivors (MACSAS) irão pedir ao arcebispo uma "mudança completa da cultura e comportamento na Igreja".
O bispo de Durham, Paul Butler, presidente do Comitê Nacional de Proteção da Igreja da Inglaterra, disse acreditar que o país teve um problema com esse tipo de abuso e que era importante que as vítimas tenham suas histórias ouvidas e obtenham justiça.
"Estamos muito satisfeitos que houve uma grande mudança e que uma investigação está ocorrendo agora", disse ele à Press Association.
Ele disse que o arcebispo Welby, com o apoio do cardeal Nichols e do presidente da Conferência Metodista, Kenneth Howcroft, escreveu ao secretário do Interior, mais de um mês atrás, pedindo um inquérito público completo sobre o abuso infantil institucional.
"Um inquérito público completo é necessário porque nesses termos as pessoas têm de fazer juramentos e, portanto, juram dizer a verdade. Meu receio é que a história toda não saia sem isso".
"Estamos absolutamente certos de que a Igreja da Inglaterra e outras Igrejas precisam estar envolvidas nessa investigação como já sabemos que há partes de nossa história que envolvem pessoas da Igreja que cometeram abusos. Então, nós temos que ser investigados como qualquer outra instituição e provavelmente haverá algumas histórias desagradáveis e difíceis de lidar, e eu aceito isso como parte da realidade. Achamos que há um problema real em torno do abuso institucional, por isso as escolas, o serviço público, policiais, políticos e a Igreja, todos precisam tentar chegar ao motivo pelo qual as pessoas podem entrar em instituições e usar essas instituições como um lugar seguro para o abuso."
O grupo de apoio aos sobreviventes de abuso, a aliança Stop Church Child Abuse [Pare com o abuso infantil na Igreja], saudou o anúncio do inquérito feito pela secretária do Interior, Theresa May.
David Greenwood, presidente do grupo, disse: "Nós não sabemos ainda a dimensão dos abusos e a extensão dos encobrimentos. Esse inquérito deve levantar o véu sobre essas incógnitas. O conhecimento do que aconteceu no passado irá capacitar os legisladores no futuro para melhorar os processos de proteção de menores na Igreja e em outras instituições".
David Pearson, diretor-fundador do Churches' Child Protection Advisory Service [Serviço Consultivo das Igrejas para Proteção à Criança], apoiou o pedido de notificação obrigatória à polícia em caso de denúncias de abuso.
Ele disse que essa exigência irá "mudar toda a cultura de proteção de menores neste país", ao responsabilizar as pessoas perante a lei, caso não ajam rapidamente sempre que o abuso seja conhecido ou suspeito.
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Arcebispos católico e anglicano apoiam inquérito sobre abuso sexual - Instituto Humanitas Unisinos - IHU