30 de junho de 1962 - Santo Ofício adverte Teilhard de Chardin

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03 Julho 2014

Em 1962, o Santo Ofício emitiu um monitum [advertência] sobre os escritos de Theilard de Chardin. O cientista e filósofo jesuíta tinha morrido de um repentino ataque cardíaco sete anos antes.

A nota é do sítio Jesuit Restoration 1814, 30-06-2014. A tradução é de Claudia Sbardelotto.

A advertência dizia:cardeal ottaviani jpg

Várias obras do padre Pierre Teilhard de Chardin, algumas das quais foram publicadas postumamente, estão sendo editados e estão ganhando muita difusão. Prescindindo de um julgamento sobre esses pontos que dizem respeito às ciências positivas, é suficientemente claro que as obras acima mencionadas abundam em tais ambiguidades e, de fato, até mesmo erros graves, que ofendem a doutrina católica. Por este motivo, os eminentíssimos e reverendíssimos Padres do Santo Ofício exortam a todos os Ordinários, bem como os superiores dos institutos religiosos, reitores dos seminários e presidentes de universidades, a proteger efetivamente as mentes, especialmente dos jovens, contra os perigos apresentados pelas obras do Pe. Teilhard de Chardin e de seus seguidores.
Dado em Roma, no palácio do Santo Ofício, no trigésimo dia de junho de 1962.
Sebastianus Masala, Notário.

Como sempre, é importante entender o contexto em que tal advertência foi publicada. A encíclica Humani Generis tinha sido publicada em 1958, a fim de "lidar com algumas doutrinas falsas que ameaçam minar a base da Teologia Católica". A encíclica de Pio XII tinha uma postura diferenciada sobre a evolução, a distinção entre a alma, tida como criada por Deus, e o corpo físico, cujo desenvolvimento pode estar sujeito a um estudo empírico e cauteloso. Prudentemente, ela tentava manter uma linha moderada, não endossando uma crença abrangente na evolução, nem a sua rejeição, uma vez que considerava as provas do momento não convincentes. Ela permite a possibilidade no futuro.

No entanto, Teilhard não exibia quaisquer reservas. Seu envolvimento criativo com a teoria da evolução colocou-o em conflito com a abordagem mais cautelosa de Roma. Para Teilhard, a evolução era tanto o processo natural descrito por cientistas quanto o processo espiritual em direção a Deus conhecido pela Igreja. Ele argumentou que, sem a evolução biológica que produziu o cérebro humano, não haveria almas santificadas. Sua principal obra O Fenômeno Humano havia discutido um cristianismo em evolução e introduziu a ideia de um Cristo Cósmico. Teilhard de Chardin foi posteriormente reabilitado por João Paulo II e Bento XVI.