Por: André | 01 Julho 2014
O Papa Francisco entregou uma carta e provas que foram enviadas ao Vaticano pelo bispo Enrique Angelelli e que mostram a violação dos Direitos Humanos cometidos na Argentina durante os tempos da ditadura militar. Na sexta-feira, dia 4 de julho próximo, será lida a sentença contra os militares acusados de autores mediatos.
A reportagem está publicada no sítio espanhol Religión Digital, 27-06-2014. A tradução é de André Langer.
A carta foi apresentada como prova nas alegações do julgamento pelo assassinato de Angelelli em La Rioja. O escrito, que testemunha a perseguição militar, é um duro golpe contra os membros do Vaticano que durante anos negaram que a carta e as provas tivessem chegado à Santa Sé.
“Somos permanentemente impedidos de cumprir a missão da Igreja. Pessoalmente, os sacerdotes e as religiosas somos humilhados, intimados e sofremos a invasão da polícia com ordens do Exército”, assegurou Angelelli em sua carta, que, dias mais tarde, seria assassinado na Rodovia 38, nas proximidades de Punta de los Llanos.
A carta e as provas foram enviadas em julho de 1976 ao núncio vaticano, que nessa época era Pío Laghi. Este cardeal, que morreu em 2009 e foi investigado por cumplicidade com a ditadura argentina, sempre negou tê-las recebido.
Francisco, cumprindo sua palavra de que abriria os arquivos do Vaticano, enviou à Diocese de La Rioja, a cargo do bispo Marcelo Colombo, dois documentos: uma carta de Angelelli e um relatório intitulado “Crônica dos fatos relacionados ao assassinato dos padres Gabriel Longueville e Carlos Murias”, padres da cidade de La Rioja de Chamical assassinados no dia 18 de julho de 1976. O relato dos assassinatos havia sido apresentado no mesmo mês em que foram cometidos os assassinatos, e Angelelli encarregou-se de enviar várias cópias diretamente à Santa Sé, devido ao fato de que desconfiava do núncio.
O Tribunal Oral Criminal Federal de La Rioja retomará nesta sexta-feira as audiências de alegações das partes no julgamento oral pelo homicídio do bispo Enrique Angelelli, cometido durante a ditadura militar.
Na sexta-feira, dia 27 de junho, o tribunal – integrado pelos juízes José Camilo Nicolás Quiroga Uriburu, Carlos Julio Lascano e Juan Carlos Reynaga – ouviu as alegações das defesas do ex-general Luciano Benjamín Menéndez e do ex-comodoro Luis Fernando Estrella.
Em 13 de junho passado, em suas alegações, as quatro proponentes da ação solicitaram as penas de prisão e inabilitação perpétua para os imputados como autores do assassinato de Angelelli. No entanto, está previsto que no dia 4 de julho se conheça a sentença pela morte de Angelelli executada no dia 4 de agosto de 1976, nesse que a ditadura quis fazer passar como um acidente de carro.
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Francisco envia as provas da denúncia que pode ter custado a vida a Angelelli - Instituto Humanitas Unisinos - IHU