30 Junho 2014
Nenhum alerta pela saúde do papa, que na tarde dessa sexta-feira cancelou de surpresa a sua visita ao Policlínico Gemelli. Os compromissos de Francisco agendados para esse fim de semana "estão confirmados" e "não há motivo de preocupação", destacou o padre Federico Lombardi, diretor da Sala de Imprensa vaticana.
A reportagem é de Maria Antonietta Calabrò, publicada no jornal Corriere della Sera, 28-06-2014. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
No Vaticano, asseguraram que se trata apenas de uma "indisposição", devida aos muitos compromissos e à agenda "densa", enquanto a sua equipe deixou vazar que Bergoglio estaria "muito cansado" e com uma forte dor de cabeça.
Nada de alerta, mas muita decepção por parte dos fiéis, dos doentes, dos seus familiares e dos estudantes do Policlínico Universitário, do pessoal (dos dirigentes aos empregados mais humildes) e das autoridades (ao todo, cerca de 5.000 pessoas), que já estavam esperando Francisco na praça em frente à entrada principal, onde também já havia sido posicionado o "papamóvel" que o levaria à área dos Institutos de Biologia para celebrar a missa. Até mesmo a equipe do papa já estava no local, começando pelo cerimoniário papal, Mons. Guido Marini, até mesmo ele surpreendido com a ausência.
A missa, depois, foi celebrada pelo cardeal Angelo Scola, como presidente do Instituto Toniolo, entidade fundadora da Universidade Católica, que leu a homilia que o papa deveria pronunciar.
Enquanto isso, no Vaticano, avisam que a visita ao Gemelli (que é considerado um hospital do papa propriamente dito, desde que São João Paulo II ficou internado nele várias vezes, começando pelo dia do atentado de 1981) foi apenas "adiada e não cancelada".
Já é a terceira vez neste mês que o Papa Francisco postergou compromissos públicos: por duas vezes, audiências já programadas - como a com os membros do Conselho Superior da Magistratura italiana. E, na semana passada, o pontífice não se sentiu disposto a percorrer a pé a procissão de Corpus Christi de São João a Santa Maria Maior, depois de ter celebrado uma missa que durou duas horas. Isso para não desperdiçar energias demais às vésperas da exigente viagem de 12 horas a Cassano allo Jonio, na Calábria, onde ele não renunciou, mesmo sob o sol, do contato direto com as pessoas e com os doentes.
"Mesmo antes da viagem para a Terra Santa, o papa tomou sozinho a decisão de não ir em peregrinação, como era previsto, ao Santuário do Divino Amor", explicaram no Vaticano. E, "desta vez também, o Santo Padre decidiu sozinho não ir". Além disso, acrescentam, "com a vida que ele leva, intensa e cheia de compromissos, é normal um afadigamento".
Em julho, também foram canceladas todas as audiências gerais das quartas-feiras na Praça de São Pedro, e a missa da manhã em Santa Marta também ocorrerá sem a presença de pessoas de fora. Além das indisposições, a ausência do papa também se deveu a "compromissos improrrogáveis". Ninguém poderá esquecer a cadeira vazia na Sala Paulo VI no dia 22 de junho do ano passado. Estava programado o concerto de Beethoven organizado por ocasião do Ano da Fé.
Mesmo que o papa não consiga, por alguma doença, participar de eventos públicos exigentes, isso não significa que ele não continua trabalhando com os seus colaboradores mais próximos e nos dossiês mais importante para o cuidado da Igreja, especialmente a poucos dias do início de um novo e desafiador Conselho dos oito cardeais que foram escolhidos por Francisco, de todas as partes do mundo, para ajudá-lo no governo da Igreja universal. Cardeais que, entre os dias 1º e 4 de julho, vão se reunir em Roma para continuar a obra de renovação das estruturas administrativas e financeiras da Santa Sé.
Os encontros do C8 são sempre muito laboriosos, e a sobrecarga de trabalho naturalmente aumenta a possibilidade de uma indisposição em um homem que completará 78 anos em dezembro. Também por ocasião dos dois C8 anteriores, o papa teve que cancelar dois compromissos: no dia 4 de dezembro de 2013, Francisco tinha cancelado a audiência com os representantes da Expo Milano, acompanhados pelo cardeal Scola, que queriam convidá-lo para o evento, e, no dia 28 de fevereiro, ele cancelou uma visita ao Seminário Romano, por causa de uma alteração febril.
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Compromissos cancelados: ''Não é preciso temer pela saúde do papa'' - Instituto Humanitas Unisinos - IHU