12 Junho 2014
E agora a Ásia. Com o objetivo final, a China. Arquivado com grande sucesso, apesar das inevitáveis críticas dos mais radicais, o encontro-oração de domingo passado pela paz no Oriente Médio, o Vaticano de Francisco está pronto para uma nova aventura no exterior: as viagens e as aberturas do papa argentino ao continente asiático.
A reportagem é de Marco Ansaldo, publicada no jornal La Repubblica, 10-06-2014. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
É a única região não tocada por Joseph Ratzinger nos seus oito anos como pontífice. A última etapa na região de um bispo de Roma remonta a 1999, quando Karol Wojtyla foi para a Índia. E Jorge Mario Bergoglio, à espera de desembarcar em agosto no primeiro dos países asiáticos escolhidos pela sua estratégia diplomática, parece pronto a sondar o terreno com Pequim.
O South China Morning Post, jornal com sede em Hong Kong e muito atento ao que acontece no imediato território chinês, escreve que a China teria iniciado contatos diretos com o Vaticano. A ideia seria a de chegar a verdadeiras conversas: uma reviravolta sensacional, porque desde 1951 as relações entre a Cidade do Vaticano e Pequim são péssimas, se não em estaca zero, tanto que a China nomeia bispos por conta própria, todos estritamente fiéis ao regime e nunca reconhecidos pela Santa Sé.
A última tentativa de diálogo remonta a 2010. No Vaticano, o dossiê chinês está há muito tempo sobre as mesas da Secretaria de Estado, e o novo chefe de governo de Bergoglio, Pietro Parolin, cardeal de extração diplomática (ele foi núncio apostólico), tem muito interesse pela questão. A estratégia de aproximação de Francisco é clara.
Em meados de agosto, o papa vai passar uma semana na Coreia do Sul. A ocasião oficial é a VI Jornada da Juventude Asiática. Portanto, está claro para todos que Bergoglio, em Seul, a apenas 70 quilômetros da fronteira de ferro com a Coreia do Norte, não poderá deixar de lançar a sua oração também ao regime de Pyongyang, invocando, assim como fez há dois dias nos Jardins Vaticanos com o presidente israelense, Shimon Peres, e o líder palestino, Mahmoud Abbas, a distensão e a paz.
E se é verdade que o país do qual a Coreia do Norte depende de um ponto de vista político e econômico é desde sempre a China, é desnecessário dizer que o papa vai falar para as Coreias desviando bem o olhar para o Pequim. Não só isso. Em janeiro, o Vaticano já anunciara uma nova dupla etapa asiática do pontífice: Filipinas e Sri Lanka.
A estratégia em relação ao gigante chinês, portanto, está desenhada. A Ásia é uma "prioridade" para Francisco, como ele disse na sua primeira viagem ao exterior, a de julho de 2013 ao Brasil, quando, voltando para Roma, anunciou no voo aos jornalistas: "É preciso ir para a Ásia".
No Vaticano, afirma-se que "a atmosfera é bastante positiva em ambas as partes para a retomada do diálogo". A Santa Sé estaria esperando conhecer de Pequim a data e o lugar das conversas. Para os mais confiantes, a retomada do diálogo já poderia ocorrer até o fim do ano.
FECHAR
Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:
Viagem à China: o último desafio do Papa Francisco - Instituto Humanitas Unisinos - IHU