Por: André | 06 Junho 2014
A Igreja “não é rígida”, a Igreja “é livre”. Esta foi a mensagem principal do Papa Francisco na missa desta quinta-feira na Capela da Casa Santa Marta. Na sua homilia o Santo Padre destacou três grupos de cristãos: os que querem a “uniformidade”, os que querem as “alternativas” à Igreja e os que procuram “vantagens”. Para estes, observou, “a Igreja não é sua casa”, mas a “alugam”.
A reportagem é publicada por Rádio Vaticano, 05-06-2014. A tradução é de André Langer.
Jesus reza pela Igreja e pede ao Pai que entre seus discípulos “não haja divisões nem brigas”. O Papa inspirou-se no Evangelho do dia para deter-se precisamente sobre a unidade da Igreja. “Muitos – observou Francisco – dizem que estão na Igreja”, mas “estão com um pé dentro” e com o outro fora dela. Reservam-se, assim, a “possibilidade de estar em dois lugares, “dentro e fora”. “Para estas pessoas – acrescentou o Papa – a Igreja não é sua casa, não a sentem como sua. Para eles é um aluguel”.
E reafirmou que há “alguns grupos que alugam a Igreja, mas não a consideram sua casa”. O Santo Padre enumerou estes três grupos de cristãos: o primeiro grupo – disse – é formado por aqueles “que querem que todos sejam iguais na Igreja”. “Martirizando um pouco a língua italiana” – brincou Francisco – poderíamos defini-los como se “uniformam”.
“A uniformidade. A rigidez. São rígidos! Não têm aquela liberdade que dá o Espírito Santo. E fazem confusão entre aquilo que Jesus pregou no Evangelho e a doutrina deles, a sua doutrina de igualdade. E Jesus nunca quis que a sua Igreja fosse assim rígida. Nunca. E estes com esta atitude, não entram na Igreja. Dizem-se cristãos, dizem-se católicos, mas a sua atitude rígida afasta-os da Igreja.”
Um outro grupo – prosseguiu dizendo o Papa – é formado por aqueles que sempre têm uma ideia própria, “que não querem que seja conforme a Igreja, gostam de ter uma alternativa”. São, disse o Papa – os “alternativos”.
“Eu entro na Igreja, mas com esta ideia, com esta ideologia. E assim sua pertença à Igreja é parcial. Também eles têm um pé fora da Igreja. Também para eles a Igreja não é casa própria. Num determinado momento alugam a Igreja. Eles já existiam no princípio da pregação evangélica! Pensemos nos agnósticos que o Apóstolo João repreende fortemente. ‘Somos… sim católicos, mas com essas ideias’. Uma alternativa. Não compartilham aquele sentimento próprio da Igreja”.
O terceiro grupo – disse Francisco – é formado por aqueles “que se dizem cristãos, mas não entram com o coração na Igreja. São os “aproveitadores”, que querem tirar vantagem, que acabam fazendo “negócios na Igreja”.
“Aproveitadores, nós os conhecemos bem. Existem desde o princípio. Pensemos em Simão o Mago, em Ananias e em Safira, que se aproveitavam da Igreja para seus interesses próprios. Nós os vimos em comunidades paroquiais, dioceses, congregações religiosas, em benfeitores da Igreja… são muitos! Vangloriam-se de serem benfeitores, mas por trás da mesa, fazem seus negócios. Eles também não sentem a Igreja como mãe, como sua. Jesus disse: ‘Não, a Igreja não é rígida, uma ou única: a Igreja é livre!’”.
Na Igreja – refletiu Francisco – “existem muitos carismas, há uma grande diversidade de pessoas e dons do Espírito!”. E recordou que o Senhor nos diz: “Se quiser entrar na Igreja, que seja por amor”, para dar “todo o coração e não para fazer lucrar com seus negócios”. A Igreja – reafirmou Francisco – “não é uma casa para se alugar”; a Igreja “é uma casa onde se vive, como uma mãe”.
O Papa reconheceu que isso não é fácil, porque “as tentações são muitas”, mas evidenciou que “a unidade na Igreja, na diversidade, na liberdade e na generosidade, é dever exclusivo do Espírito Santo”, porque “esta é a sua tarefa”. O Espírito Santo – acrescentou – “faz unidade, que é harmonia na Igreja”. “Todos somos diferentes: não somos iguais, graças a Deus, senão seria um inferno!”
E “todos somos chamados à docilidade ao Espírito Santo”. Precisamente esta docilidade – disse o Pontífice - é “a virtude que nos salva de sermos rígidos, interesseiros ou aproveitadores na Igreja”. E é precisamente “esta docilidade que transforma a Igreja de casa de aluguel em casa própria”.
“Que o Senhor – disse o Papa ao concluir – nos envie o Espírito Santo para trazer esta harmonia em nossas comunidades, comunidades paroquiais e diocesanas, comunidades dos movimentos. Que seja o Espírito a fazer esta harmonia, porque como dizia um Padre da Igreja: o Espírito é a própria harmonia”.