14 Abril 2014
As mulheres deveriam assumir cargos diretivos na Cúria Romana, não necessariamente ligados à ordenação presbiteral. A afirmação é do "ministro do ecumenismo" emérito, o cardeal Walter Kasper, em entrevista ao jornal da Igreja Sonntagsblatt, do sul do Tirol.
A reportagem é do sítio Katholische Presseagentur Österreich, 07-04-2014. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
É um absurdo que as mulheres não desempenhem ainda nenhum papel importante nos Pontifícios Conselhos para a família, a cultura, a comunicação social e os leigos. No fundo, sem as mulheres, a Igreja seria "um corpo mutilado". Muitas atividades da Igreja ou mesmo das comunidades paroquiais, sem a colaboração das mulheres, seriam "impensáveis".
Recentemente, Kasper provocou frisson com o seu discurso no encontro dos cardeais em Roma a convite do papa, que também se ocupada da atitude em relação aos divorciados em segunda união. Ninguém – nem mesmo ele – põe em discussão a indissolubilidade de um matrimônio sacramental, portanto os adúlteros são "pecadores", destacou Kasper ao Sonntagsblatt.
No entanto, o perdão dos pecados faz parte do Credo. "Se um divorciado se arrepende do fracasso do seu primeiro casamento, se seu segundo matrimônio contraído apenas civilmente ele vive na fé e educa cristãmente os seus filhos, devemos recusar-lhe o sacramento da penitência e da comunhão?", perguntou o cardeal.
Em princípio, o matrimônio e a família "são o último ninho de resistência contra uma gélida orientação da vida à economia e à técnica ", declarou Kasper. Hoje é importante "pôr novamente em destaque a beleza da vida familiar cristã". A Igreja, para conseguir fazer isso, deve se libertar do seu "emudecimento resignado e da sua atitude defensiva", em que ela recaiu diante das transformações da sociedade.
Toda reforma no Vaticano começa com uma mudança de mentalidade, afirmou o cardeal de 81 anos. "Portanto, com a conversão ao espírito de serviço." Determinados cargos também poderiam ser confiados apenas por um período de tempo. A proposta de Kasper: "Seria possível contratar pessoas com experiência pastoral das dioceses, por exemplo, com contratos de cinco anos. Depois disso, essas pessoas voltariam para as suas dioceses levando a sua experiência".
Segundo Kasper, o Papa Francisco já deu origem no seu primeiro ano de pontificado a "um clima de confiança, esperança e alegria", ele reformou o estilo na Cúria e, ao mesmo tempo, destacou como primeira prioridade a alegria do Evangelho e da atitude missionária. Kasper afirmou que o pontífice quer uma "discussão aberta", e, para ajudá-lo nisso, está o fato de que ele mesmo não tem medo algum de entrar em contato com o mundo de hoje.
Kasper não se considera um "precursor" dos projetos de reforma do papa: "O papa sabe pessoalmente aquilo que quer e prossegue com decisão", disse o prelado alemão. Muitas ideias do papa, no entanto, correspondiam "com os meus pensamentos, que se formaram há muito tempo na teologia, no cargo episcopal, nas viagens às Igrejas locais em todo o mundo".
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''As mulheres devem assumir cargos diretivos na Cúria.'' Entrevista com Walter Kasper - Instituto Humanitas Unisinos - IHU