11 Abril 2014
Estudo da Coppe/UFRJ em parceria com o Greenpeace mostra que mesmo com o dobro da frota de carros em 2030, emissões podem ser menores que atuais, caso indústria adote metas de eficiência energética europeias.
A reportagem é publicada por Greenpeace, 10-04-2014.
Se a indústria brasileira de automóveis adotar meta de eficiência energética alinhada à europeia, as emissões de gases estufa dos veículos nacionais reduzirá substancialmente: mesmo que dobre o número de carros nas ruas do país em 2030 – como é estimado –, as emissões, ainda assim, seriam cerca de 10% menores que as de 2010. A conclusão é do estudo Eficiência Energética e Emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE), produzido pelo Coppe/UFRJ (Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro), em parceria com o Greenpeace.
“O Brasil é o quarto maior mercado de automóveis do mundo e, no entanto, estamos muito atrasados quando o assunto é eficiência energética e consumo de combustíveis dos veículos. Vários países têm adotado metas rigorosas para que seus carros reduzam o consumo energético e emitam menos gases estufa. É hora das montadoras que operam no Brasil assumirem a responsabilidade pelo impacto que têm no clima e serem coerentes ao adotar padrões similares aos que elas já têm lá fora”, diz Iran Magno, coordenador da campanha de Clima e Energia do Greenpeace.
Nos últimos anos, as emissões brasileiras do setor de transporte cresceram vertiginosamente. De 1990 a 2012, segundo o Observatório do Clima, esse aumento foi de 143%. Na próxima semana, o IPCC (Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas da ONU) divulga mais um relatório com conclusões de cientistas sobre a crise climática global. Um vazamento dos dados divulgado essa semana pela imprensa internacional mostra que, até 2050, as emissões de transporte devem ser as que mais crescem no mundo, puxadas principalmente por países emergentes.
Hoje, a única meta que o Brasil tem de eficiência energética veicular é voluntária, estipulada pelo programa Inovar-Auto, do governo federal. Este é o cenário de referência do estudo. Os cálculos da Coppe/UFRJ mostram que, caso a indústria siga essa meta – que representa um ganho de 12% em eficiência até 2017 – as emissões veiculares em 2030 seriam de 88 Megatoneladas de CO2 equivalente (Mton CO2 eq). Mas se o país for mais ousado e adotar a mesma meta definida pela União Europeia – de 1,22 MJ/km até 2021 – entre 2010 e 2030 teríamos deixado de emitir quase 2 vezes o que foi emitido pelos veículos leves em 2012.
O professor Emilio La Rovere, do Programa de Planejamento Energético da Coppe, diz que é fundamental a criação de uma política de estímulo aos fabricantes e compradores de veículos leves para se reduzir o consumo de combustíveis como gasolina, álcool e gás natural.
De acordo com o professor, que coordena o Centro de Estudos Integrados sobre Meio Ambiente e Mudanças Climáticas (Centro Clima) da Coppe, uma das alternativas é reduzir o valor dos impostos para quem fabricar veículos com mais eficiência energética. “Já os fabricantes de veículos com baixa eficiência passariam a pagar um imposto mais alto. E, como o carro é objeto de desejo de muitas pessoas, pode ser dado a elas uma redução no valor do IPVA no ato da compra. O nosso estudo mostra que tais medidas são possíveis”, afirma o professor da Coppe.
Os dados
O estudo da Coppe/UFRJ compara três cenários de eficiência energética na frota de veículos do Brasil, e aponta as diferenças entre elas nas emissões de gases estufa até 2030. Nos três casos, o ano base é 2011, quando a eficiência média dos veículos novos estava em 2,07 MJ/km e as emissões totais eramde 79 Mton CO2 eq – cinco vezes o que a cidade de São Paulo emitiu no ano de 2011.
FECHAR
Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:
Mais eficiência, menos emissões - Instituto Humanitas Unisinos - IHU